Sob as águas
Estamos sempre flutuando sobre as águas, subindo e descendo ao ritmo ensaiado das ondas.
Nas tempestades mais cruéis, afundamos até onde o sol não mais alcança, ouvindo o eco das gotas e trovões enquanto mergulhamos em uma penumbra perfeita.
Nas brisas mais suaves, somos levados a novos mares, sempre prontos para encontrar algo além de escuridão no próximo mergulho frio.
Os dias de sol são ordinários. As noites de lua não perdem sua magia. As memórias de outras águas vem como uma melodia suave, arrastada pelos ventos que movem o nosso mar. Mesmo abarrotados de lembranças boas e ruins, só podemos pensar no céu lá em cima, e enquanto ouver ao menos uma estrela no céu, sempre voltaremos à superfície, para o açoite das ondas, esperando o dia de deixar o oceano para enfim afundar no céu.
No próximo mergulho cego, eu quero ver a lua.