Não existe amor a primeira vista
15 anos juntos, do primeiro beijo apaixonado, inseguro e inconsequente.
Do primeiro sexo, que traz a tona, a própria existência do prazer.
Ao primeiro filho, que nos faz mais felizes do que imaginamos.
Não há explicação para definir esse sentimento, que após tanto tempo continua a crescer, a admirar, a querer.
O amor assim, é construído na existência é constante insegurança mediante a própria definição, a própria essência e a própria garantia do outro.
Fidelidade na vida, mediante as mais intrínsecas dificuldades da existência, mediante os maiores monstros internos e externos.
A liberdade diária que quer se prender a existência do outro, mesmo quando esse outro não agrada em tudo.
Viver junto ao outro, é constantemente perdoar e ser perdoado, é querer o calor diário da companhia com todas as nuances e texturas que podem apresentar.
O amor é construção diária, consistente e constante, é o desafio de questionar-se com o olhar do outro.
É sentir saudade do calor e do beijo, mesmo depois que a aplicação do tempo na existência tenha feito seu serviço.
Não há maior amor do que a própria presença do outro, mesmo quando mudos nos olhamos; É na madrugada declarar-se mesmo quando o outro não percebe; É acordar procurando um olhar, um gesto.
O verdadeiro amor não se da a primeira vista, na corrida descartável da existência que possuímos atualmente, onde tudo se descarta do ar, escorre pelos dedos, esvai-se no olhar.
O verdadeiro amor é rocha, construída por anos, que sofre com tormentas, com ondas do mar, com o sol escaldante; Que assimila tudo isso e ainda percebe a própria beleza, sabe das suas fraquezas e mesmo assim te aceita.
Rios de lagrimas derramados, pela dificuldade de existir perante o outro; Distancias infinitas de sorrisos propagados pela alegria de estar ali diante do outro.
Assim é o amor, o verdadeiro amor, a rocha da existência, a liberdade de prender-se, a alegria no sofrimento.