Humana

Certas coisas me chocam

E me fazem querer mudá-las.

Nesse lugar de prepotência,

Conheço os limites.

Vejo não ter controle

Sobre outras superfícies.

Perco até mesmo

O que me cabe.

É difícil aceitar escolhas alheias.

É difícil tentar lidar com a minha dor

Quando o mundo impede.

Pessoas amadas podem virar peso

Que esmaga o peito.

E a sensação de tudo isso

É a de estar sendo testada

A todo momento

Para que os outros

- sempre terceiros -

Deem o veredicto:

Ela é boa ou má

Diante de situações aflitivas.

Eu não serei santificada

Por escrever poesia,

Ou endeusada

Por ter sensibilidade.

A minha natureza sensível

Valida, justamente,

O meu lado humano.

E o que me humaniza,

Por mais estranho que soe,

São os meus erros

Minhas inquietações

Meus extravasamentos.

A minha expressão,

Ainda que lhe assombre,

Não é de menos

Por se perder em suas razões,

Já que falo de emoções

- se é que existem razões.

Não me tache de fraude,

Tampouco me pinte

Como uma grande mentira

Disfarçada aos olhos do público.

Eu não preciso buscar respostas

Para o seu Todo-Poderoso,

Correndo suposto risco

De me tornar o seu pior demônio.

Grito meus medos,

Mas também minhas indignações.

Mesmo vindo do seu ventre,

Não sou a sua continuidade,

Nem um resquício daquela outra parte

- sabe?

Aprenda a me olhar como sou.

Mas, logo me lembro

Sei que certas coisas não posso mudar.

Mariane Amaral
Enviado por Mariane Amaral em 13/04/2021
Reeditado em 13/04/2021
Código do texto: T7230621
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