Humana
Certas coisas me chocam
E me fazem querer mudá-las.
Nesse lugar de prepotência,
Conheço os limites.
Vejo não ter controle
Sobre outras superfícies.
Perco até mesmo
O que me cabe.
É difícil aceitar escolhas alheias.
É difícil tentar lidar com a minha dor
Quando o mundo impede.
Pessoas amadas podem virar peso
Que esmaga o peito.
E a sensação de tudo isso
É a de estar sendo testada
A todo momento
Para que os outros
- sempre terceiros -
Deem o veredicto:
Ela é boa ou má
Diante de situações aflitivas.
Eu não serei santificada
Por escrever poesia,
Ou endeusada
Por ter sensibilidade.
A minha natureza sensível
Valida, justamente,
O meu lado humano.
E o que me humaniza,
Por mais estranho que soe,
São os meus erros
Minhas inquietações
Meus extravasamentos.
A minha expressão,
Ainda que lhe assombre,
Não é de menos
Por se perder em suas razões,
Já que falo de emoções
- se é que existem razões.
Não me tache de fraude,
Tampouco me pinte
Como uma grande mentira
Disfarçada aos olhos do público.
Eu não preciso buscar respostas
Para o seu Todo-Poderoso,
Correndo suposto risco
De me tornar o seu pior demônio.
Grito meus medos,
Mas também minhas indignações.
Mesmo vindo do seu ventre,
Não sou a sua continuidade,
Nem um resquício daquela outra parte
- sabe?
Aprenda a me olhar como sou.
Mas, logo me lembro
Sei que certas coisas não posso mudar.