E-metir e Refletir
 O ato de refletir envolve basicamente dois processos: o de emitir , e o de devolver, parcialmente ou inteiramente, a coisa emitida para o emitente, ou para outra direção.
O ato de refletir necessita primeiramente do ato de emitir. Emitir é enviar algo para alguma direção ou para alguma coisa.
O sol não emite luz para a terra, nem para alguma coisa em específico. O sol nem sabe o que ele é, nem que ele existe, como então ele poderia enviar sua luminosidade para a terra? O sol é luz, e como luz que é, já se torna automaticamente algo iluminante. Iluminante não no sentido de emitir luz, como se denotasse um proceder deliberado. O sol não ilumina alguma coisa, o sol já é em si um ser iluminativo. Havendo ou não planetas, o sol continuaria sendo um ser iluminativo, pois é de sua própria essência ser algo que ilumina, havendo ou não seres ou coisas que utilizem para si de modo benéfico, ou não, essa luz.
A lua não reflete a luz solar para a terra. Na verdade, é o corpo clarificado da lua, de modo puramente ocasional pelo sol, que se torna mais perceptível e abragente durante a noite, noite esta originada pelo deslocamento da terra.
 Várias vezes, quando nos encontramos dormindo, num estado provisório de esquecimento de si e tudo o que se encontra ao redor, em muitos de nossos sonhos, nós de alguma forma sentimos e percebemos que aquilo que está sendo vivenciado é um sonho, como se ainda conservássemos uma película de estar consciente de que aquilo que está sendo vivido é um sonho. E isso nos faz querer sair do sonho de alguma forma, nos faz querer acordar.
Mas como isso pode se dá, se estamos momentaneamente inconscientes durante o ato de dormir? Como nós podemos conservar um pouco de consciência do que está havendo nos sonhos, se o nosso corpo está entregue ao esquecimento até de si próprio? Durante o sono, nossas percepções do que está ocorrendo ao redor desaparecem, não sabemos nem que a noite está transcorrendo, passando, esquecemos até mesmo que estamos dormindo, por tanto, nossa consciência de estar consciente adormece também.
Mas como se dá nos casos onde, estando nós dormindo e entregues provisoriamente sob a tutela do esquecimento, como conseguimos perceber e deduzir que aquilo que está sendo vivenciado é algo irreal, é simplesmente um sonho, e com isso procuramos impregnar forças para despertamos?
É como se escondêssemos nos bolsos um pouco de consciência nos casos em que poderia haver necessidade de usá-la para o despertamento do corpo, quando talvez nossa própria parte cerebral onde se esconde o inconsciente, tido como o diretor cinematográfico das loucuras que se passam no ato de sonhar, pudesse de alguma forma pôr a própria vida em perigo.
Daí a necessidade do próprio corpo não permitir, em certos casos oníricos, que naveguemos nesse rio irreal inteiramente inconscientes.
gilliard alves