A DECÊNCIA E O OBSCENO
Uma alusão erótica não é, necessariamente, a que trata de assuntos sexuais ou contém menções libidinosas e atos obscenos. Um texto erótico não tem que incluir descrições de atos sexuais em seu teor. Também não é uma coletânea de depravações e de vocábulos de baixo calão.
Muitas vezes o texto erótico fala de sentimentos sensuais, das respectivas satisfações ou coisas fins. O sexo sempre esteve presente no cotidiano das criaturas, naturalmente, sem necessitar que seja transformado em devassidão.
Sexo é vida, é sinal de vitalidade, proporciona prazer e é responsável pela perpetuação de todas as espécies do planeta. Talvez, se o prazer não estivesse associado à reprodução, houvesse desinteresse pelo coito entre criaturas de sexos opostos e, consequentemente, estorvasse a procriação. Aí a reprodução estaria ameaçada, podendo provocar o despovoamento da Terra.
O texto erótico quando levado a termos semânticos é esplêndido. Porém, quando desanda para outros sentidos, pode se tornar obsceno, ou seja, instigador de torpezas. A generalização das obscenidades pode viciar e incitar atos infames, conduzindo uma sociedade, uma nação ao desfiladeiro.
Entretanto, o que se assiste nos últimos meses é um festival de torpezas e obscenidades, de imoralidades políticas praticadas pelos líderes das altas instituições públicas.
Enquanto o chefe do executivo tenta governar, mesmo que de alguma forma, atabalhoada, os chefes do parlamento e do poder judiciário se limitam a tentar travar a República, numa atitude lastimosamente obscena.
Embora semanticamente não tenha muito a ver com o erotismo, as imoralidades praticadas por essas instituições são imorais e aterradoras, contaminando e viciando toda uma sociedade, uma nação.