Saudades de mim
Onde foi que me perdi?
Quando isso aconteceu, e quando tomou essa proporção tão grande, tão sufocante, a ponto de me fazer sentir como uma brasa escondida, queimando debaixo de sete palmos, tão fundo que não é mais possível sentir vestígios do calor?
A alegria está aqui! Doida para alcançar a superfície e brilhar! Mas abafada, presa, oculta por um véu tão espesso, que não nos deixa sair, sentir, pensar com clareza, e perceber a beleza das coisas, das pessoas e da vida.
Sinto que já não sinto. Onde está o meu coração?
Me agarrando a qualquer sensação momentânea de alegria, qualquer momento de prazer em que me faça SENTIR, e me sentir bem. Mas que, sempre breve demais, se esvai, escorrendo por entre meus dedos, enquanto contemplo a familiar dormência tomar seu lugar, novamente.
E a sensação de ser uma estranha na minha vida...
Onde foi que me perdi?
O que me mantém aqui? Olho para as paredes tão cheias, minhas coisas, nossas coisas, distribuídas em seus devidos lugares, e sigo confusa. Como vim parar aqui? É onde quero estar? Tudo o que um dia desejei, e até o que ainda desejo, parece tão fora do lugar. Será melhor partir? Para onde? E onde é meu lar, se não em mim mesma? Onde fui parar, dentro de mim?
Onde foi que eu me perdi?
Saudades de mim!
(Texto de maio/2019)