A Dor e o Desespero
Não há conhecimento possível que destoe do próprio sentimento da existência.
Viver constantemente diante do medo, da dor que o próprio medo pode nos trazer é algo que o conhecimento não alcança, não combate e ate mesmo alimenta.
Angustia do futuro, desespero do presente, é essa existência que constantemente queremos fugir, desolados pela incongruência do que somos, e daquilo que deveríamos ser mediante o aval de que fomos criados.
A historia é injusta, infrutífera hera venenosa da existência, que da oportunidades para aqueles que não percebem sua essência, e destrói quaisquer caminhões daqueles que atendem-na um pouco mais.
A vida, de escolhas infundadas e abstratas passa de forma muito mais leve mediante o peso de conhecer as contingencias possíveis e impossíveis que atracam os seres aqui presentes.
Não sou merecedor do legado que me foi dado por meus ancestrais, isso não é possível redimir mediante a minha própria natureza, preguiçosa, dorminhoca e medíocre. Sou apenas o que sou, e não posso dizer-me o melhor de todas as existências que foram necessárias para que eu pudesse deter esta oportunidade existencial.
O que nos resta é sobreviver, da forma mais honrada possível e amistosa possível. Não detenho vitorias ou almejo grandes feitos como antes, não sou capaz disso agora sei, sou apenas o medíocre herdeiro, aquele que normalmente destrói tudo, que não deixa legado algum senão aquele da destruição e da boa vida, assim nasci e pelo que vejo assim morrerei.
Não por ser mulherengo, pois isso nunca fui, mas por ser um incapaz, invalido da existência, acostumado a preguiça e ao sono, meu corpo não detém nem mesmo a capacidade natural ao sexo.
Sou um vegetal em vida, que existe por existir, por medo de deixar um legado ruim, tentando equilibrar apenas deixando um legado neutro para meus, tão sofridos por minha natureza, herdeiros.
As mulheres não me querem mais, não existe mais desejo, passo por seus olhares de desdém constante, inclusive daquela que mais amo.
Essa alias como fiz sofrer, mediante tamanha dor de existência e penitencia que ela vive ao tentar me colocar no lugar.
Seria tão bom poder deter forças para retribuir tamanha expectativa, tamanho amor pelo movimento e pela ação que detém esta mulher que tanto admiro.
Mulher forte, que briga todo dia, literalmente, com sua própria cria e seu parceiro para serem um pouco melhores, talvez ela não entenda o problema de natureza que transmiti a tais servos do mundo.
Mal sabe ela a dor que me faz sentir em cada briga, em cada luta que tenta travar, em cada comentário sarcástico, não por culpa-la de algo, mas por ela estar apenas deflagrando, trazendo a luz minha própria essência, que é a de perdedor nato.
Nunca ganhei, nunca venci, e pelo visto nunca conseguirei vencer. Minhas próprias batalhas estão tão distantes da vitoria que nem sei quais trilhas seguir, nem sei se vou vencer tais batalhas.
Sou a fuga constante, a corrida da ação, a criança que corre do que a aterroriza.
Fujo do medo, do não entendimento e do não controle do que seja a vida, que dirá da vitoria possível.
Todos aqueles que pensei um dia ser piores que eu, nitidamente, se mostram e sempre foi assim, muito melhores, pois minha ilusão sempre foi de natureza genética, em que eu herdaria não somente o material, mas toda a experiência, conhecimento e vontade, mas foi o contrario.
Não há meios de deter a dor desta constatação, de ver o mundo sair das ruínas e encastelar-se em vitorias em conquistas enquanto no meu terreno o castelo ruindo diante de meus olhos incrédulos e imóveis.
Embasbacado com o movimento do que seja a existência, em criações constantes de ilusões que explicam em meu pensamento que continuo melhor do que outros, do que eu mesmo era e do mundo a minha volta.
Enganado por minha própria essência que quer deter-se ai, no teto do possível para meu ser, no fracasso total do que seja possível para mim.
Vivo portanto de sonhos, diários de existências e alcances que sei serem impossíveis, e sei não merecer.
Vivo minuto a minuto em alto engano, em desespero pela existência que demarca meu limite, pois para o mundo as possibilidades são infinitas e as vitorias com certeza serão grandes, pois sua base de existência é firme. Eu sou apenas a insegurança, o medo que nos faz ter diante do 10º andar de um prédio que fundações de barro, em areia.
Tudo balança, tudo cai constantemente, e nada é seguro.
É assim que vivo em eterno medo e eterna inconstância de minha preguiça e sono, por isso prefiro dormir!!!