Sobre a Plenitude
Na nudez da folha em branco há plenitude. No Silêncio da Madrugada (coisa cada vez mais rara de se ver) também. Na particular (note-se tanto o adjetivo quanto o substantivo presentes no vocábulo) chama de uma vela, idem. A plenitude do escasso, isto é, do cada vez menor, do pouco, é uma presença que atesta de modo inexorável: "menos é mais".
O que é pleno é repleto de sentido. Talvez até nos falte um pouco de experiência para atribuirmos algum sentido ao que, dada sua plenitude, nos apareça como realmente é (a Fenomenologia talvez possa nos ser útil em tarefa assim).
Um passeio à noite, com um pouco de brisa a nos tocar a face, quiçá possa nos conduzir a uma experiência de viagem no tempo. A uma época, por exemplo, quando nos apaixonamos por alguém da escola (do contraturno, que seja). Quem de nós nunca o fez? A sensação de estar apaixonado não é PLENA?
Eu NÃO persigo a plenitude. Ela é uma constatação automática. Ela me aparece e com isso eu adquiro mais experiência como ser humano.
E, em tempos cada vez menos humanos, em que o próximo se torna pra invisível, ora símbolo de adversidade, a plenitude (de um respeito, da empatia, da gentileza), precisa ser compartilhada quando e se possível. Não o sendo, que a gente continue a aprender com a plenitude da dor.