Missão das palavras
As palavras salvam. Elas tocam diretamente na alma, conectam pessoas de lugares distantes, abrem caminhos nunca antes sonhados. Escrever, bem como verbalizar, é um remédio que não se vende em farmácias, mas tem efeitos colaterais. Quando se escreve, cria-se uma relação de cumplicidade com as letras, que clareiam toda dúvida, direcionando o autor para o melhor e o pior de si. A escrita é como um espelho, no qual se vê a realidade nua e crua, ausente de qualquer justificativa. Pelas palavras podemos provocar pensamentos, instigar as pessoas à reflexão, que posteriormente se converterá em ação. É necessário esse exercício de pensar, porque por muitos anos a velocidade das informações recebidas nos negou essa faculdade. Hoje, tudo é muito rápido, corremos para resolver todas as tarefas diárias e, exaustos, muitas vezes ao final do dia apenas sobrevivemos. Engolimos e digerimos as palavras alheias sem um filtro que nos faça tirar delas apenas o melhor, o que nos serve e que é coerente com o que acreditamos. Precisamos aprender a degustar as palavras ditas e ouvidas. Sentir seus cheiros, texturas e gostos. Saber o motivo de terem surgido ali, os objetivos de quem as colocou, e o que faremos com isso. Saber sentir as informações como quem prova o melhor de todos os cafés: elas tem uma história, muito maior do que o que podemos inicialmente sorver.