INDIVIDUALISMO NUM MUNDO SOFRENDO 2021
Como um desejo vago e constante, que não é presente, de algo que não existe e provavelmente não pode existir, como uma volta para o passado, feito adolescentes incompreendidos, equacionamos a solidão ao conceito de estar sozinho, "sem outras pessoas".
Como conceito, muitos supõem compreender a subjetividade da solidão. Contudo, a intersecção da perda e da solidão é complexa, com aspectos do luto que fazem com que a solidão pareça inevitável e insolúvel. Estar de luto, pode fazer sentir que tal condição se tornou a história da sua vida.
Como um sonho que não tem fim, o que se deseja é o ente querido, e o que se tem é um vazio moldado à semelhança do seu ente querido, que ninguém mais poderia preencher, porque a pessoa por quem se anseia já não existe. Acima de qualquer outra percepção é a dor de ter amado alguém de tal forma que pedaços de si tornaram-se em si, e pedaços dela tornaram-se em si. E quando ela se vai leva consigo pedaços da sua vida partilhada, e agora, para quem ficou, o que resta é viver uma vida que se sente incompleta.
Em algumas pessoas, principalmente nas mais jovens, às vezes, devido a algum tipo de ruptura na continuidade dos cuidados exercidos pelo ambiente, causa a deprivação e reprime o desejo saudável de amor gerando desajustes no comportamento que as faz afastar-se das pessoas ao tentarem resolver a ansiedade básica e obter segurança. Se esforçam por tornar-se completamente autossuficiente, limitando inconscientemente as suas necessidades e objetivos.
Dependendo do que uma pessoa "precisa e deseja", definido pelo que se quer em relação ao que se tem, a solidão pode ser um sentimento de desconforto que aparece quando há uma insatisfação subjetiva nas relações sociais, necessidades, ou desejos interpessoais das pessoas.
Nossas dimensões pessoais são componentes interligados que nos fazem ser entendidos como seres integrados e completos.
Com o avanço da pandemia, a solidão se torna algo novo na vida de muitos que de repente perderam um ente querido, consolidando à cada dia a solidão pandêmica.
Com o evento desta inusitada moléstia, não inteiramente compreendida, que assolou o mundo contagiando milhões, ceifando imparcialmente muitas vidas, destruindo economias, mudando radicalmente o habitual conhecido e tornando incerto o futuro, estamos num ponto de viragem decisivo na história da Terra, com expectativa, angústia e medo sem noção do que vai acontecer. O pânico e a histeria sobre literalmente tudo é o assunto do dia.
No meio do bloqueio imposto pelo governo, sem mensagens consistentes a nível federal, os estados e municípios criando uma resposta desarticulada que difere de cidade para cidade, que por sua vez foram deixados à sua sorte, estamos física e figurativamente isolados a se aprofundar para o desconhecido, enquanto as autoridades tentam achatar a curva, quando muitas pessoas forçam prematuramente a normalidade.
A propriedade da geopolítica em nossa nação em adição ao acontecimento político quotidiano deve fazer-se presente no sentido de produzir sua própria vacina, para acelerar o ritmo das inoculações e deter a progressão do contágio, impulsionar a saúde pública e as recuperações econômicas em lugar de negociar e permutar produtos pela aquisição de vacinas fabricadas em outros países.
Estamos confrontando a necessidade de render-se ao Divino e espiritualizar o nosso ser de uma forma muito urgente. E uma maneira de alcançarmos esse objetivo é nos conscientizar da generalização da perda e da dor. Não estamos sofrendo sozinhos! A solidão está avançando avassaladoramente na vida de muitos. O auto cuidado preventivo tornou-se num gesto recíproco profundamente humano.
Este é o problema que temos perante nós. Cabe a cada um resolvê-lo à sua maneira, consciente do outro.