Tugúrio
o espaço íntimo, pessoal
construído com esmero
personalizado, preparado
me acolhe e abriga o sal
o sal que trago do dia
sagrado de trabalho
salvo da discórdia
perdida n’algum atalho
discordo da violência
tratada com paciência
por olhos sempre fechados
alheios aos desesperados
sem paz, não há encanto
mesmo escondido no canto
de olhar desapegado
de tudo que é sagrado
no tugúrio onde escondo
a vergonha de ser humano
destruidor do sagrado
espaço desintegrado
percebo como é errado
entrar no meu refúgio
esquecer todo infortúnio
neste meu esconderijo
efúgio bem apressado
das almas já perdidas
embebidas por desgraças
sem a graça alcançada
lá dentro bem acolhido
não sei se protegido
me acovardo sem sentido
diante deste destino
desejaria ter um abrigo
onde amigo e inimigo
pudessem refletir
e outros laços construir
Alberto Daflon