Previsto Futuro

Durante o Natal do ano passado li um importante e reflexivo livro de Charles Dickens, “Um Conto de Natal”. Resumidamente, o personagem principal é um sujeito bastante arrogante, egoísta e mesquinho que não demonstra nenhuma empatia por nenhuma pessoa e não se esforça para ser agradável nem mesmo com os seus familiares. Ele, então, acaba tendo algumas visões sobre suas atitudes rudes e sobre um futuro que poderia acontecer caso ele não mudasse, um futuro de solidão no qual sua partida não seria sentida por ninguém. Se você tiver a oportunidade conheça esse livro, vale muito a pena!

E a vida é isso mesmo. O futuro talvez não possa ser assistido, talvez não possamos saber com exatidão como ele será e quais experiências nos esperam. Mas o fato é que nossas atitudes hoje ecoarão amanhã. O futuro pode ser previsto a partir do que fazemos no nosso presente porque a lei do retorno não falha, ela é fiel e acontece. Talvez não como imaginamos que vá acontecer. Mas acontece de formas tão tristes quanto. No livro de Dickens o personagem tem a sorte de enxergar as consequências de seus comportamentos para com os seus semelhantes e, então, tem a chance de se corrigir e passar a tratar as pessoas com mais simpatia, mais respeito e mais amor. Só que na vida real não nos é permitido essa mesma experiência. Não teremos tempo de mudar quando o futuro enfim chegar. Não teremos a oportunidade de retroceder em nossos passos procurando pela afeição e pela ternura das pessoas, afeições e ternuras que deveríamos ter concedido, mas que não conseguimos.

E no final toda a nossa postura de grandeza e soberba de nada nos valerão. Partiremos da mesma maneira e deixaremos tudo aquilo que nos foi emprestado ao longo dos nossos dias. É isso. Nada nessa vida é nosso a não ser os corações que conseguirmos conquistar, pois neles estaremos enquanto baterem. No entanto, a casa luxuosa, o carro do ano, as roupas de grife e os números do banco ficarão todos aí, sendo disputados por nossos familiares ou apropriados pelo governo. Mas os sentimentos que as pessoas cultivaram por nós serão eternos e intransferíveis. Tudo o que importa é a maneira como olhamos para o próximo, como o acolhemos, como o recebemos, como o tratamos. Podemos ganhar grandes amigos, experienciar profundos amores, se deixarmos de ser tão seletivos na hora de permitirmos que se aproximem de nós. Ninguém é perfeito. Nós não somos perfeitos. Mas podemos nos completar a fim de formarmos uma grande unidade de companheirismo, solidariedade e fraternidade. São essas coisas que fazem a vida realmente acontecer.

(Texto de @Amilton.Jnior)