Eu estou chata, mas é apenas cansaço
Sei que ultimamente eu tenho reclamado muito. Ando uma chata completa. É, eu sei. Nem eu me aguento. É que parece tudo tão confuso. Tão injusto. E me sinto tão impotente.
Eu ando dizendo que estou cansada. E estou mesmo. Muito. Nossa, demais. Mesmo nos dias que estou fazendo o mínimo possível, eu me canso bastante.
Mas veja bem: não é apenas cansaço físico. Fisicamente falando, estou tudo bem. Eu estou cansada de pensar. Cansada de sentir. Cansada de sentir tudo. Cansada de ser tão intensa. Lidar com um emocional abalado precisa de muita energia. O mundo não é mais um lugar gentil para os sonhadores. A vida te empurrar para frente, mesmo que você tropece pelo caminho.
Há uma tristeza em mim que eu não sei de onde vem. Ela chegou e se agarrou a mim. A verdade é que sempre fui uma pessoa melancólica, mas ultimamente eu me tornei uma pessoa quebrada e solitária.
Eu estou muita reflexiva e me pergunto como seria minha vida se eu tivesse feito outras escolhas. Se eu tivesse me permitido sentir todo o turbilhão que carrego no meu peito. Os “e se” não nos levam a lugar nenhum.
Além disso, tenho pensado em como temos perdido tanto. Perdido a liberdade, perdido sorrisos, perdido abraços, perdidos as pessoas que amamos, perdido nós mesmos, perdido a vida. Nossa, temos perdido tanto. E não é que só agora começamos a perder. Longe disso. Eu sei bem o que é perder. A vida para mim nunca foi fácil. Toda vez que eu ganho, eu olho para os lados a espera de perder, porque a vida sempre me dá rasteiras. Nada nunca dá certo comigo. E tudo bem, eu já me acostumei. Contudo, eu comecei a perder a mim. E isso não poderia acontecer.
Parece que os dias se repetem. Ou que em um dia parece que foram vários. Eu perdi a noção de tempo e espaço – já que vivo no meu quarto. Se eu não tivesse um diário, eu não saberia mais como os meus dias estão sendo vividos. Todos os dias parecem domingo. A melancolia e a solidão tomam café comigo e a ansiedade faz suas visitas rotineiras. Sério, eu não aguento mais me sentir sufocada. Ontem, ao sair de casa, eu tive um ataque de ansiedade: meu coração disparou, a respiração acelerou e eu queria chorar. É uma sensação horrível. Aí o resto do dia foi uma apatia sem fim.
Acho que isso é falta da viver. Falta de vitamina d: de pegar um sol na praia, sentir o mar molhar meus pés e respirar a maresia. Falta de um bom vinho com um livro que me faça chorar e rir ao mesmo tempo. Falta de uma cerveja gelada com a minha melhor amiga e fofocas. Acho que é falta de vislumbrar no horizonte mudanças significativas. O pôr-do-sol estava tão bonito hoje, com um toque de furta-cor e o que dizer tão lua tão cheia e brilhante no céu nesse momento? Eu sai para o quintal e respirei um pouco. Me sinto melhor. Está tocando “Mais bonito não há”, de Tiago Iorc e Milton Nascimento no meu celular. Um pouco de paz em meio ao caos.
Eu sei que os dias que se seguem não preveem mudanças. Tudo ainda parece muito caótico. Mas tudo passa. Quem deveria se importar não se importa. Infelizmente. Eu me sinto uma boa pessoa calada que não pode abrir a boca para reclamar mais que já se torna chata. Eu queria que tudo fosse diferente. Mas não é. É assim que é e me sinto: fisicamente exausto, mentalmente devastado e emocionalmente perdido na minha intensidade.