Educação - Quando ela começa?

IMAGENS LATENTES(Huberto Rodhen)

Está em tuas mãos, educadora, o destino do homem.

O futuro feliz ou infeliz da humanidade.

O céu e o inferno de amanhã.

Na ordem natural, és tu o fator precípuo da história.

Carta branca, terra virgem – é a alma do educando entregue às tuas mãos.

Daí, como sairá?... informe?... formada?... – deformada?...

Não compreende conscientemente – mas apreende na zona noturna do inconsciente.

Observa uma chapa fotográfica, exposta à luz, antes de revelada.

Que é que vês? – nada!

Tudo cor uniforme, neutral...

E, no entanto, contém essa chapa as imagens de todas as coisas que, na fração de um segundo, invadiram a objetiva.

É só entrar num banho de sais – e eis que do fundo neutro e incolor emerge um jogo de sombras e luzes, até os mais sutis cambiantes.

Foi o banho que essas imagens produziu?

Não, o banho apenas revelou o que, invisível, pré-existia na película.

Educadora! quando, num banho de luz, despertar no pequeno ser a razão – surgirá, consciente e visível, o que incônscio e invisível, nele dormitava...

O que disseste, pensaste, sentiste, o que és – tudo atuou sobre a alma dormente...

Tão sensíveis são as antenas da alma infante que apanham a mais imponderável onda do teu ser...

Auras boas – auras funestas...

Fluidos benéficos – fluidos malignos...

Pensamentos suaves – instintos perversos...

Tudo influencia a textura sensível da psique amorfa – mais que o leite materno sobre tecidos celulares...

Por isso, plasmadora de almas, satura de elementos benéficos teu ser...

Irradia de ti ondas de luz e bondade – para a alma em botão...

Não intoxiques com fluídos sinistros o teu educando...

Prepara à plantinha feliz primavera – após longa hibernação...

Principia a tarefa educativa do educando com a educação da educadora...

Quando começa a educação da criança? – perguntou alguém a Napoleão Bonaparte.

Vinte anos antes do seu nascimento: – respondeu o grande estratege.

A educação do educando começa com os educadores.

Venham então as tempestades da vida desfolhar a planta, quebrar-lhe ramos, galhos e tronco – sempre de novo brotará da raiz sadia sanidade e vigor...

Vai, pois, fotógrafa das almas, impregnar de belas imagens o ser em botão!

Põe-lhe ante a objetiva nobres ideais, sentimentos sadios...

Calcula bem a distância, a perspectiva, o efeito da luz – para que nítida e bela resulte a imagem, invisível na alma dormente...

Invisível hoje – visível amanhã...

Na alma dormente – na alma vígil.

Atma Jordao
Enviado por Atma Jordao em 28/03/2021
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