O princípio da corresponsabilidade

Numa madrugada de sexta-feira, com a cabeça deitada no travesseiro iminente a dormir e com os pensamentos imersos em reflexões aleatórias, todavia coerentes, aferi a relação entre o princípio da corresponsabilidade e o desenvolvimento da empatia. Por via de regra, em detrimento do processo de socialização, somos seres inevitavelmente corresponsáveis por tudo o que está a nossa volta, a princípio no que tange às nossas relações humanas, sejam de amor, sejam de amizade, sejam vínculos familiares e também somos corresponsáveis pela nossa própria realidade. Nós nos damos conta dessa corresponsabilidade inata em nossa condição de seres sociais e não nos acovardamos mediante ela quando entendemos que somos corresponsáveis tanto direta quanto indiretamente, é dizer, é algo que independe da nossa vontade. Somos corresponsáveis até mesmo quando inexiste qualquer intenção de nos responsabilizarmos pelo sentimento que despertamos em outrem, pela impressão que transmitimos, pelo o que acontece em nossas vidas e na sociedade que fazemos parte e etc. Mas o que tenho a dizer é que se não arcamos com a nossa corresponsabilidade, não desenvolvemos empatia. Não podemos olhar o que está ao nosso redor e nos isentarmos, fingirmos indiferença, omitirmos-nos. É a falta desse senso de corresponsabilidade, de alteridade, de valorização do outro, e esse déficit de eticidade que destroem qualquer possibilidade de exercício de empatia. E consequentemente, pessoas acabam sendo descartadas de qualquer jeito, a realidade pacata não transita de lugar, e o coração alheio não sai ileso dessa "não intenção de ter magoado", "não intenção de ter machucado" que o ser humano tem a repudiável mania de usar para se justificar quando do outro lado, existe alguém com o coração dilacerado. Pare com isso! Você é corresponsável sim, queira ou não. O coração de outrem, a sua integridade, os seus sentimentos, os seus direitos, são terra onde ninguém pisa. Que pela autoconsciência de corresponsabilidade saibamos conduzir da forma mais equilibrada a nossa vida, tornar nossas relações mais saudáveis, e acima de tudo, respeitar o universo das emoções de alguém. Fazer com que alguém se sinta magoado, desprezado, desvalorizado, não é ilegal, mas é extremamente imoral.

Ane Cardoso
Enviado por Ane Cardoso em 26/03/2021
Código do texto: T7216351
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