MORDAÇA VELUDA.

Mundo mágico de Oz, estrelas cadentes.

lábios adocicados, lâmina nos dentes.

um veludo que oculta o arrastar-se na terra,

um bote pensado que a aparência enterra.

Doce amargo do seu respeito!

Dias de amor ou dias de guerra?

Tu queres que eu digo o que lhe interessa!

E se por um acaso eu não lhes disser?

Tu serás "fóbico" um dia qualquer!

Terra do Nunca, síndrome de Peter Pan.

Que tenho eu com seu divâ?

Me trazem sepulcros que não enterrei,

Me põem grilhões que nunca usei.

Passado azedo sem paladar.

Dias de Amor ou dias de guerra?

Me queres calar de forma expressa!

E se por um acaso eu não permitir?

Eu tenho tinteiro aqui e ali.

Mundo de Hades e de Afrodite,

Com tanta ciência de tanto palpite.

De gêneros solúveis, opiniões fixas.

De lugar de fala, de fala prolixa.

Hedonê desesperada nas ruas.

Dias de Amor ou dias de guerra?

Se digo binário, minha boca cerra.

Se digo "heter", me põem no zoológico.

Que mal há em ser biológico?

Terra do progresso de "Fast-food",

onde o banal tornou-se virtude,

Revoluções que degustam sangue,

Que come de gente, mentes estanques.

Para onde fugiu a razão?

Dias de Amor ou dias de Guerra?

Que todo debate logo se enterra,

Em que divergência, apenas fascismo,

que qualquer palavra, um grau de racismo.

Bela mordaça veluda!