PÓS PANDEMIA

Vai doer quando nos lembrarmos o quanto perdemos.

Finais de semana ensolarados, bares com música ao vivo e bossa nova no agito de um sábado a noite lá pelas tantas horas...

Vai doer quando nos lembrarmos que desmarcamos o acampamento e o churrasco de domingo.

Não sobrou oportunidade para um passeio despreocupado no shopping ou uma visita regada com chá e bolo na casa dos tios.

Um belo dia saímos e nos divertimos juntos pela última vez sem nos darmos conta disso.

Logo, o cinema foi lacrado, os bares e lanchonetes fecharam as portas .

A vida cessou sem aviso prévio.

De repente não era mais permitido sair na rua, pegar o metrô e ir correndo pro trabalho. Porque o escritório ocupava a sala de jantar.

Foi um tempo de guerra fria. E houveram perdas, tragédias incalculáveis e o mundo foi coberto pelo manto da tristeza e do luto.

Aqueles que sobreviveram irão se lembrar da vida interrompida.

Haverão cicatrizes tão profundas que será impossível esquecer o momento crucial em que os sorrisos foram cobertos, os abraços proibidos e nos afastarmos de nossos pais e avós era sinônimo de amor fraternal.

Quem diria que isso pudesse acontecer um dia?

Perdemos muito quando deixamos de pedalar no parque depois das cinco da tarde, quando nossas crianças deixaram de frequentar a escola e a infância vagou entre os cômodos da casa

E o futuro?

Ah.... O futuro!!!

Depois, com o passar do tempo e a vida seguir um curso quase normal faltarão alguns lugares na mesa e a família nunca mais estará completa de novo.

As consequências? Muitas. Afinal os pôr-dos-sóis não se repetem.

Josih Romano
Enviado por Josih Romano em 23/03/2021
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