Processo
Preciso reencontrar-me.
Porém, não somente saber onde estou.
Preciso, ao fim, amar-me!
Preciso restaurar aquela paixão pelas coisas.
Preciso perder-me de toda a tristeza que me seda.
Preciso deixar de ser poliéster,
ou melhor, preciso deixar de ser peça de roupa!
Preciso ser eu mesma,
aquela que imagina besteiras e fala coisas sérias
ao invés de ser mais uma censurada que faz este contrário.
Preciso deixar explodir meus sentimentos e dizimar o azedo ao redor.
Quanta saudade de olhar no espelho e ver meu reflexo,
enquanto isso, enxergo somente aquilo que me fere.
Entendo o percurso que me trouxe aqui, mas não quero ficar.
Fui raptada no segmento sequestro relâmpago, nem pude reagir.
E não houveram pedidos de resgate.
Sádica doença apática social.
Mas dessas cordas, destravo-me.
Agora, preciso agir com cautela.
Preciso deixar de ser vítima,
porém, tomar cuidado para não me fantasiar de réu.