O Fruto Proibido
Acordo no jardim.
Tateio no escuro.
Abro os olhos e vejo.
Vejo, mas não enxergo.
Ainda preciso de um tutor.
"Se comerdes desse fruto, sereis como Deus"
Ouse.
Tenha coragem.
Deleite-se.
Desfrute.
Deguste.
Saboreie as delícias desse fruto outrora proibido!
O Estagirita já dizia que é da natureza do homem o desejo pelo conhecimento!
A vontade insaciável pulsa nas minhas veias!
O fruto é gelado e quente!
Seu sabor é um conflito entre o doce e o amargo.
Entre o bem e o mal.
O véu de maya se rasga.
O sol cega-me!
Aos poucos vejo, enxergo, apreendo.
Caminho sobre os homens e suas opiniões, sua fé, sua moral e seus valores.
Nada me impede mais.
Tenho autonomia.
Tenho poder.
Continuo essa busca eterna.
Não temo mais o inferno, e o paraíso já não me seduz!
Com os pés sempre no que é terreno, atravesso a ponte, sigo a luz.
Carrego na mão um copo de cicuta, caso venha desistir dessa jornada, pois já dizia o amigo do saber: "Uma vida sem busca não vale a pena ser vivida."