Batalha

Caxias, 18 de março de 2021.

Madrugada chuvosa

Acordei mais cedo porque meu esposo ia fazer uma apresentação do anteprojeto parte da seleção de Mestrado. Preparei o café ele tomou e foi para o quarto se preparar para sua apresentação.

Eu fiquei da sala para a cozinha com todo cuidado para que nada atrapalhasse a sua apresentação. Um livro, um caderno que caía, o arrastar de uma cadeira tudo podia interferir. Fiquei de olho no meu filho e na minha filha que estavam assistindo aula remotamente para que nem falassem presente alto. Estava tão tensa quanto ele, cuidando de tudo para o êxito da apresentação.

Ao terminar, meu esposo saiu do quarto e nos abraçamos pela boa apresentação que ele fez, então meu esposo disse que iria à escola e eu pedi que não fosse, pois naquele dia ele estava liberado. Ele ficou comigo, desceu para o quintal e ficou olhando o celular, nesse intervalo não mexi no meu celular, pois cedo tinha assistido a dois vídeos que achei interessantes e até compartilhei no face. Um dos vídeos falava exatamente que não devemos deixar para fazer algo amanhã, porque o amanhã não existe, o que existe é o hoje.

Então comecei a lavar as louças e limpar as coisas para em seguida preparar o almoço. Meu esposo subiu do quintal e disse que tinha algo para me dizer, eu disse que se fosse coisa ruim não queria saber, ele disse que eu ia saber por outras pessoas, então que eu soubesse por ele. E me falou pausadamente:

- Amor, a Edneuza não resistiu, ela faleceu de COVID.

Daquele momento, até agora estou sem chão, sem acreditar. Gostaria que fosse um alerta falso, uma fake news, mas infelizmente é verdade.

Perdi minha amiga e diretora de uma das escolas que trabalho. Anos de dedicação à educação de nossa cidade.

Marinalva Almada
Enviado por Marinalva Almada em 18/03/2021
Reeditado em 18/03/2021
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