UM GAME CHAMADO BRASIL

UM GAME CHAMADO BRASIL

É um desânimo muito grande, uma tristeza enorme, uma falta de horizonte, uma angústia do que está por vir, um futuro totalmente incerto. Estamos à mercê de forças e interesses insaciáveis no sentido de afirmar as vaidades, egoísmos, radicalismo político, estrelismo e outros baixos sentimentos dos altos dignitários do Brasil que, na realidade, são indignos de ocupar suas posições atuais. Nós, uma população de 212 milhões de almas está vivendo uma configuração político-administrativa muito difícil de ser equacionada e mais complicada ainda de ser resolvida. Desde que me entendo por gente, sobrevivi a uns 20 presidentes desde que ouvi, junto com meu pai, a notícia do suicídio de Getúlio Vargas em 20 de agosto de 1954. Dias antes, em 05 de agosto, ocorrera o “crime da Rua Toneleros”, uma tentativa de assassinato de Carlos Lacerda, político inimigo e crítico do governo Vargas, onde morrera o Capitão aviador Rubens Vaz. Lembro-me bem dessas notícias, pois lia tudo que me chegava às mãos e ouvia “Repórter Esso”, no rádio, embora não entendesse os motivos por que essas coisas aconteciam. No rádio ouvi a leitura da Carta Testamento, o célebre “deixo a vida para entrar na História”. Pela revista “O Cruzeiro”, além do amigo da Onça li a reportagem do enterro de Getúlio, então chamado Pai da Pátria, e me impressionou as fotos das ruas cariocas entupidas de gente, as árvores e os telhados cheios de pessoas. De lá para cá, na minha visão o conjunto de fatos, sucessões, falsos líderes, salvadores da pátria, militares, escândalos e afins se assemelha a um sofrido e longo Game em que o herói Brasil vai se metendo em dificuldades inusitadas e as soluções que adota ao invés de salvá-lo o coloca situações piores. Esse país, hoje em frangalhos por tantos desatinos e guerras de egos, parece ter um futuro horroroso, a continuar agindo do modo que agiu até hoje. Sobreviveu a diversos mandatários:

• À megalomania de Juscelino

• Ao alcoolismo de Jânio,

• À tibieza de Jango, uma espécie de Alexandre Pato da política, foi político sem nunca ter sido.

• A Cinco generais, que instalaram um regime de exceção de 21 anos

• À Sarney, uma reedição de Jango sem ideologia definida.

• A Fernando Henrique Cardoso, o insosso.

• À Lula, aquele que deu duas refinarias para Evo Morales, sumiu com montanhas de dinheiro, pai de um gênio financeiro, o Lulinha.

• À Dilma incapaz de elaborar duas frases com sentido sobre o mesmo assunto,

• A Michel Temer, que após uma conversa onde confessa corrupção deveria ser preso e sofrer impeachment.

• E, finalmente, à Bolsonaro, que desfila um impressionante despreparo para a função, perde imensas oportunidades de ficar calado, escolhe mal seu staff, e não é um só, pois governa com mais três filhos.

Para complicar, passamos seis anos acreditando que o Brasil estava sofrendo um sério período de purificação moral com uma maravilhosa iniciativa jurídica chamada Operação Lava Jato. Assistimos, encantados, uma espécie de Tribunal de Inquisição Político, onde independente de partidos, grandes nomes e diversos milionários foram chamados a se explicar e justificar a largueza financeira em que vivem. Foram feitas inúmeras condenações, delações, e mostrado ao povo a face imunda da política brasileira. Um verdadeiro esgoto moral foi colocado em uma Estação de Tratamento Jurídico, de onde sairia um Brasil menos corrupto e moralmente mais limpo. Pelo menos era a expectativa de toda a população brasileira.

Inopinadamente, todo o sonho foi derretido como se fosse uma teia de algodão doce levada pelo poder de uma ventania. Sumiram todos os resultados da Lava Jato por uma canetada, uma liminar emitida por um juiz da mais alta instância jurídica do Brasil. Comparando os motivos que levaram à emissão dessa desastrada liminar, que defecou sobre todo o trabalho da Justiça Federal da região sul, foi como se obrigássemos as equipes de médicos e outros profissionais de um hospital a abandoná-lo por não vestirem roupa branca. Pura vaidade de juízes que preferem manter a nossa tradição de conformismo e de um povo sem reação ao que é errado, subserviente a pessoas que se consideram acima dos mortais.

Aguardemos como sempre fazemos, qual será o próximo lance do Game do herói Brasil, como será que ele sai dessa?

Paulo Miorim, 15/0/2021

Paulo Miorim
Enviado por Paulo Miorim em 15/03/2021
Código do texto: T7207619
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