Ensinamento de mãe
Minha mãe me fez parar, em frente à Baía de Guanabara, e me pediu para observar o vaivém das ondas atentamente. Enquanto isso, recitou um poema de Gabriela Mistral que diz: "Dai-me, Senhor, a perseverança das ondas do mar, que fazem de cada recuo um ponto de partida para um novo avançar". Achei isso tão bonito e preciso! Foi o bastante para os meus ouvidos durante todo o resto do dia.
Na vida, em meio a tantas perdas, dores, problemas, obstáculos, saber o momento de recuar é tão importante quanto entender ser necessário continuar. É a dupla inseparável para suportar os dias nos quais a vida não aparenta ter beleza alguma. A dose certa!
Agora, imagino a cena das ondas agindo de novo. Eu me sinto como sua parte integrante. Avanço, tomo e saio. Por vezes, saio mais bruscamente e vou longe. Em outros momentos, volto pouco e mansa. Viver é não medir frequências, mas compreender que elas se alteram de acordo com as demandas de instantes. Ou precisam, apenas, ser sentidas. Acolhidas. Minha mãe carrega, realmente, sabedoria de água na alma!