Meu lugar.
Ao ver essa longa estrada,
Vem na mente uma lembrança.
Lembro de um tempo verdoso, muito rico e proveitoso,
O meu tempo de criança.
Baixei-me e apalpei, um pouco de terra cheirei, há muito não tem chovido.
Meu coração disparou, lembrei-me de meu avô, bom sertanejo sofrido.
Decidi ir caminhando, pedi que tocasse o carro.
Minha mente fraquejando, mas, a razão me levando aquele velho cenário.
Nunca imaginei encontrar do jeito que encontrei,
As terras que foram tão belas e um dia me criei.
Onde havia tanto verde, animais escramuçando,
Me deparei com deserto e a caatinga "acizentando."
Abri a velha porteira, minha garganta arranhou,
Imaginei no curral, meu pai e meu velho avô.
Ao ver a casinha velha a porta antiga, as tramelas, tudo no mesmo lugar.
Quadro ainda na parede, no armador uma velha rede e um convite a se deitar.
Entrei-me de casa a dentro, passei da sala pra lá.
Fui chegando na cozinha, já fui vendo minha vôzinha correndo pra me abraçar.
Foi quando me deparei que ela lá não estava, mas vi na mesa a coalhada, pote d'água, umbuzada que ela fazia pra mim.
E eu menino "véi" ruim, passava pro bucho e corria, só vinha de tardezinha com um "mói" de "passarin."
Sai da casa assombrado com tudo aquilo que vi, no tempo que fui criança neste lugar não sofri.
Tudo era mais verdinho, com galinha, passarinho, animais de todo jeito.
Vendo tudo se acabando, vou me entregando aos prantos e muita angústia no peito.
Ah, aquela sombra frondosa?
É do meu pé de juá!
É lá que escrevo em prosa
Me inspiro a declamar
Transcrevo o que penso vendo
a imensidão do meu lugar.