Refletindo sobre a morte
A conscientização do infinito a partir da aproximação do simbolismo da morte, do ponto de vista psíquico, não se refere a uma tentativa de predispor de forma rasa e dogmática a existência da vida após a morte, que pode ocorrer pela dificuldade que o ser humano apresenta em lidar com situações de perda e com o medo da própria morte, mas significa que o morrer está contido no inconsciente coletivo e pessoal como um aspecto fundamental e necessário a ser considerado durante a vida.
Os sonhos com a morte são um exemplo de manifestação natural e espontânea do inconsciente, que nos impulsiona para as questões próprias e inegáveis do ser humano em relação à vida, à existência e à subjetividade. Ou seja, os sonhos com a morte não revelam, como no ponto de vista freudiano, apenas a expressão de um desejo reprimido, que seria um desejo de viver eternamente, mas sim a busca natural de integração do simbolismo da morte no psiquismo.
Marie-Louise von Franz, uma psicoterapeuta analítica, cita, no livro "Os sonhos e a morte: uma interpretação junguiana", um sonho no qual sua paciente (acometida por uma doença terminal), podia ver seu próprio corpo morto na cama enquanto se afastava do mesmo, o que representa muito bem o fato de que o inconsciente não expressa unicamente o desejo de vida eterna do corpo físico, mas está direcionado principalmente para o aspecto da alma humana, da preparação de cada sujeito de forma subjetiva e única, para lidar com os problemas da morte e do morrer, enquanto sua vida biológica perdurar.