Impotência e solidão

Eu caminho lentamente...

A estrada coberta de neve, o sol descansa há alguns dias

O frio se estreita e desliza pelas frestas das cabanas e dos corações

Há um poder maligno no ar, ansiedade, insegurança e medo

Minha vila, minha casa, as pessoas que amo estão sendo afetadas

Eu as vejo caindo, desistindo, seus corações destroçados

Para as almas do meu tempo, apenas existir deixou de ser importante

É preciso ser especial, é preciso fazer algo fenomenal, é preciso querer mais e conquistar

O simples passou a ser ridículo, ser comum é quase um crime

Uma geração que gera sua própria loucura, para fugir da loucura que nos cerca

Enquanto novos vírus dominam, novas tecnologias assustam, novos medos vão crescendo...

Há uma guerra mortal nos arredores, atacados por inimigos externos temos tanto medo de morrer que nos antecipamos

E assim morremos por dentro...

Alguns chamariam isso de suicídio, outros chamariam de honra,

a nomenclatura pode mudar conforme o expectador

mas o sentimento é um só: impotência e solidão...

Clarice Cândido
Enviado por Clarice Cândido em 11/03/2021
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