Matei o amor
Amor é bicho instruído.
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.
- Drummond
Numa manhã de inverno, o sol nasceu triste,
Seus raios amenos não afligiam o impetuoso frio
de longe era possível avistar as lareiras, o inferno está gélido gritavam as criaturas que não morriam
Sinta que o amor passa...
Assim como infecção tratada a antibióticos;
Perceba que a vida é curta e temos pouco tempo, sempre temos pouco tempo.
Uns dias passaram monótonos;
noutros 24 horas foram poucos
e tantos meses se passaram desde então que perdi a conta que fiz naquela noite sem lua.
Disposto a morrer, de imediato sangrou seu coração, atônito e em frenesi proferiu as palavras mais sinceras de seu peito oco...
- Por vezes dei-me a ti. Por mil vezes amei a ti mais que a mim, bem mais que a mim. Hoje encerro o ciclo deste coração que sangra; amor não renascerá. Destes olhos que em vermelhidão choram, lágrimas ao pó hão de retornar. Matei-me. Matei o amor.
Mil dias se passaram;
Mil anos;
Minutos;
Milésimos;