Matei o amor

Amor é bicho instruído.

Olha: o amor pulou o muro

o amor subiu na árvore

em tempo de se estrepar.

Pronto, o amor se estrepou.

Daqui estou vendo o sangue

que escorre do corpo andrógino.

Essa ferida, meu bem

às vezes não sara nunca

às vezes sara amanhã.

- Drummond

Numa manhã de inverno, o sol nasceu triste,

Seus raios amenos não afligiam o impetuoso frio

de longe era possível avistar as lareiras, o inferno está gélido gritavam as criaturas que não morriam

Sinta que o amor passa...

Assim como infecção tratada a antibióticos;

Perceba que a vida é curta e temos pouco tempo, sempre temos pouco tempo.

Uns dias passaram monótonos;

noutros 24 horas foram poucos

e tantos meses se passaram desde então que perdi a conta que fiz naquela noite sem lua.

Disposto a morrer, de imediato sangrou seu coração, atônito e em frenesi proferiu as palavras mais sinceras de seu peito oco...

- Por vezes dei-me a ti. Por mil vezes amei a ti mais que a mim, bem mais que a mim. Hoje encerro o ciclo deste coração que sangra; amor não renascerá. Destes olhos que em vermelhidão choram, lágrimas ao pó hão de retornar. Matei-me. Matei o amor.

Mil dias se passaram;

Mil anos;

Minutos;

Milésimos;

Paschoal George
Enviado por Paschoal George em 09/03/2021
Código do texto: T7202964
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.