Ligeiramente chateado

Me sentei, estava inspirado

Peguei o papel e a caneta

Esperando dar vida a algo belo

Que encantasse seu ser de alguma forma.

Mas logo meu lapso de felicidade, acabou.

Algo cortou ao meio, um choque de realidade

Lembrei que tinha conta a pagar

Que tinha roupa para catar

Feijão para apagar

Casa a se limpar

Senti logo o desespero

Não poderia ser poeta pelo que é meu

Pois moro sozinho

E tudo aqui depende de mim

Então como serei poeta

Se hoje a vida exige que seja dona de casa

E agora estou aqui sentado

Chateado

Pois perdi a bela poesia que havia pensado

Ela não poderia existir

Nunca terá vida

Por negligência da própria vida

Então deixo aqui meu registro

Estou ligeiramente chateado

Pois não vivi a poesia que sonhei.