Bobo da Côrte
E o bobo da côrte ri
Como se não houvessem risos
Para que o seu riso fosse o seu eu
E o seu eu fosse o meu eu, e o meu eu todos os sorrisos
Risos para quem risse me fizesse
Mas se não existissem mais piadas?
Piadas para que formassem as gargalhadas
O escárnio cotidiano dos seus tropeços
Assim como não houvessem versos
E mais aparências
Como poderia rir?
Como poderia ser eu?!
Céus! Céus! Deus meu!
Me diz, se os banguelas e não-banguelas trarão sorrisos do amanhã?
Porque serei decapitado, falhei em não rir o suficiente hoje...
Mas amanhã, amanhã sendo a primeira vez sem o meu corpo
A minha voz repetida no mesmo tom permanece
Como a lembrança digna do bobo da côrte
Que não foi apenas um bobo da côrte, mas o bobo da côrte desta côrte!