Bobo da Côrte

E o bobo da côrte ri

Como se não houvessem risos

Para que o seu riso fosse o seu eu

E o seu eu fosse o meu eu, e o meu eu todos os sorrisos

Risos para quem risse me fizesse

Mas se não existissem mais piadas?

Piadas para que formassem as gargalhadas

O escárnio cotidiano dos seus tropeços

Assim como não houvessem versos

E mais aparências

Como poderia rir?

Como poderia ser eu?!

Céus! Céus! Deus meu!

Me diz, se os banguelas e não-banguelas trarão sorrisos do amanhã?

Porque serei decapitado, falhei em não rir o suficiente hoje...

Mas amanhã, amanhã sendo a primeira vez sem o meu corpo

A minha voz repetida no mesmo tom permanece

Como a lembrança digna do bobo da côrte

Que não foi apenas um bobo da côrte, mas o bobo da côrte desta côrte!

Otávio M Alves
Enviado por Otávio M Alves em 28/02/2021
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