Procuro

Procuro, pelas gavetas, pelo chão que varri há tantos séculos

Procuro pelos vãos, que de tão vãos

Procuro, dentro dos meus internos, e nas retinas secas.

Procuro, pelos telhados molhados

Pelas tralhas que guardei por preciosas que são.

Procuro, nas minhas letras tortas, nos cadernos dos meus filhos, tintas secas canetas de outros tempos.

Procuro nas enxurradas, nas humildes roupas molhadas.

No cheiro da sopa, no pijaminha de dormir.

Eu procuro a FÉ no Deus e no homem!

Eu procuro a FÉ em mim!

Procuro a magnitude, o gesto da mão, em tão miserável falta de pão.

Procuro a razão, e não deveria jamais, jamais...procurar o que sempre soube, o normal da vida!

Amém a esse Deus cheio de dedos e hierarquias, amém a esse homem cujo escopo é manter a ordem natural da fome e até de contar cilindros!

Procuro....

Dorothy Carvalho

Dorothy Carvalho
Enviado por Dorothy Carvalho em 24/02/2021
Reeditado em 24/04/2024
Código do texto: T7192169
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