O Sal da Saudade
Saudade lenta que dói...
Saudade que bate e me leva e me traz ondulando como barco em mar calmo...
Saudade que é brisa leve que me toca a pele e sussurra aos meus ouvidos o quanto a ausência é presente.
Saudade que bate e leva...
Saudade que me bate e me bate e me leva...
A saudade é trem parado
Que, aos poucos, segue e vai,
Um destino que é certo,
Acelera o trem que vai...
Saudade é temporal,
É respingar lágrimas na janela,
É Chuva volumosa,
Brisa, monções, tufão...
Saudade é rede e sombra,
É balanço dormente,
É sentimento que nunca mente,
É a mente em raízes de coqueiro,
Que se espalham em terra fértil...
Saudade...
É Sal na medida certa,
É o dá, de doar sem espera,
É de possuir, e deixar livre...
Pois quem pensa que possui, nem um terço da reza pega.
A Saudade é lenta e dói...
Bate e leva e traz e puxa como o mar...
É brisa leve que me toca a pele e sussurra a ausência da presença.
Saudade,
É sal na medida certa,
É doce, É fel, É dor,
É canto de sereia,
É dor que alivêia,
É luz que alumia...
É escuridão que incendeia,
É Sol que escurece,
É parte da vida que pulsa na veia...
Na lua cheia, há saudade,
Que me bate e me leva...
Saudade que me bate e me alivia,
É sal, é medida, é o serrote da dor prisioneira,
É dor inteira e doída,
É silêncio amargo,
É comida insossa, insípida,
É dor doída da quase morte sentida,
É o pouco sal da pouca vida vivida.