Coragem para Falar
Quantas declarações deixamos de fazer, não é verdade? Quantas oportunidades de mostrar em palavras o quanto apreciamos a existência de alguém nós perdemos. O esquisito é que palavras ásperas saem de nossos lábios com uma facilidade surpreendente, contudo palavras doces, elogios sinceros, custam ser pronunciados e, quando o são, são quase inaudíveis. Por que não falar? Por que não dizer que ama? Por que não valorizar os atributos de alguém, fazê-lo se sentir bem? Por que não dialogar com as pessoas expondo nossos anseios e segredos?
Esse é o nosso problema. Falamos pouco. Aliás, falamos muita bobagem, fazemos discursos desinteressantes, sem qualquer valor ou sentido, mas na hora de falar sério, de agregar aos nossos ouvintes, de encarar os seus olhos e tocar suas almas, aí nos emudecemos. E quando estamos zangados com alguém? Aí parece que nunca aprendemos a falar. Ao invés de conversar, evitamos. Ao invés de declarar nossos incômodos, achamos que as pessoas possuem bola de cristal para contemplarem quais são os intrínsecos sentimentos que carregamos, aos quais somente nós mesmos temos acesso. Como queremos que as pessoas saibam como nos sentimos se não damos a elas a chance de saberem? Como queremos que alguém saiba que é amado se não temos valentia o bastante para declarar esse amor? Sentimos de medo? Temos insegurança? Não gostamos de experimentar a sensação de vulnerabilidade? Mas, quer saber de uma coisa? Só vive grandes experiências quem se arrisca a vivê-las.
Pouco importa se ignorarão nossos dizeres, se taparão os ouvidos, se desprezarão as nossas palavras. Pouco importa o desinteresse egoísta de muitos que nos cercam. O importante é que consigamos dizer aquilo que sentimos para que no futuro ninguém possa ter a desculpa de não saber. Falar é importante. Falar com a alma, desnudando o coração, expondo nossas emoções. Talvez alguém queira nos ouvir, com certeza alguém precisa nos ouvir. Às vezes, para que possamos ter a graça de ouvir um discurso agradável do outro, precisamos ser aqueles que começam a falar. E, então, quando o outro descobre a semelhança que pode existir entre nossas percepções, enche-se de coragem e também se abre. Precisamos conversar mais, dialogar mais, permitir que as palavras nos envolvam uns nos outros!
(Texto de @Amilon.Jnior)