Talvez Amor Seja Isso
Sempre fui do tipo que ama romances, principalmente daqueles bem clichês, mas que nem sempre soube lidar com eles na vida real, ou talvez, não estava preparada o suficiente para viver um deles de forma plena e madura para fazer que fosse longânimo.
Mas aprendi que muito mais que em músicas e filmes clichês, muitas vezes na vida só aprendemos que jamais desejaríamos abrir mão de alguém quando estamos distantes o suficiente para perceber que os sonhos não fazem sentido se não forem para ser realizados com aquele alguém, se a pessoa que estiver ao nosso lado para concretizá-los não for aquela que a vida faz questão de fazer parecer que foi feita para nós, que é oposta o bastante para ser complementar, que nos causa amor apesar das diferenças, do tempo, da distância, daquilo que fez-nos um dia acreditar que talvez pudesse desgastar o relacionamento.
Dentro da Bíblia, na primeira carta aos Coríntios 13, o apóstolo Paulo, nos versículos de 4 a 7, diz que o amor é paciente, bondoso, não se vangloria, não se orgulha, não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor, tudo sofre, crê, espera e suporta. A banda Jota Quest canta, em um trecho da música Amor Maior: “é preciso amar direito/ um amor de qualquer jeito/ ser amor a qualquer hora/ ser amor de corpo inteiro/ amor de dentro pra fora/ amor que eu desconheço/ quero um amor maior/ amor maior que eu” e em um outro trecho “magoarei mesmo assim/ mesmo sem querer/ pra saber se é amor/ eu estarei mais feliz/ mesmo morrendo de dor/ pra saber se é amor/ se é amor”. Ambas as composições citadas me fazem refletir muito sobre o amor, observando o peso de cada frase dentro de minhas vivências e chego à conclusão que o amor de verdade é realmente algo maior que nós, pois existe a necessidade de que a entrega, a empatia, a capacidade de perdoar e de humildade e maturidade para reconhecer os erros e pedir perdão por ter feito coisas que não agradem ou magoem o outro sejam superiores ao nosso ego e ao nosso orgulho.
A verdade do amor está em saber que já foi magoado por aquele alguém ou que já foi perdoado e que ambos superaram aquilo para estarem juntos. Está em conquistar a liberdade na relação, mas abrir mão do individualismo, por vezes, em virtude da harmonia, da cumplicidade, do bem comum, de uma causa maior que é o querer compartilhar a vida com alguém. A verdade do amor está em saber que as diferenças, o tempo, a distância e até a tentativa de novas relações não apagou o sentimento, o desejo, o respeito e a harmonia entre aquelas duas pessoas, está em continuar sentindo o mesmo frio na barriga ao ver ou ao sentir o cheiro da pessoa amada, está em sorrir ou suspirar automaticamente ao pensar naquele ser que, mesmo que seja tão diferente de ti, que more distante, que tenha seguido um caminho diferente do teu por qualquer circunstância do destino e, que mesmo que o tempo separados seja longo, continua te causando o mesmo brilho nos olhos e borboletas no estômago. A verdade do amor está em pensar em sonhos que já foram sonhados e perceber que eles não teriam graça se fosse outro alguém ali para realizá-los contigo, senão aquele alguém imperfeito que você já conhece e aprendeu a amar incondicionalmente. A verdade do amor está em tentar encontrar um novo alguém, ainda que um bom tempo tenha se passado, mas esperar inconscientemente em cada toque, em cada detalhe que fosse aquela pessoa ali.
A música Mesmo Sem Estar do Luan Santana e da Sandy diz “eu to na playlist do teu celular/ escondida na história da música 6/ to no teu reflexo no espelho/[...] to na solidão do elevador/ no teu cobertor/ num filme de amor/ seja onde for/ eu to aí/ mesmo sem estar/ saiba que eu sempre to aí/ mesmo sem estar/ que tal apostar/ a gente não se fala mais por um mês/ você vai ver/ que o tempo não muda nada/ nada, nada/ eu to aí/ mesmo sem estar”, acredito que ela traduz bem o que eu tenho como amor de verdade, aquele amor que perpetua, ainda que não esteja sendo vivido, ainda que não se falem mais, que não tenham se encontrado mais. Amor de verdade é aquele que tudo o que a gente faça, o cérebro automaticamente associa aos gostos e manias de um único alguém, é aquele que está em cada detalhe em nós, que está presente em nossos pensamentos e sentimentos, como diz a música, mesmo sem estar, porque amor de verdade é aquele que passa por várias intempéries, pelas distâncias físicas de estar e morar perto, pelas barreiras do tempo, pelas falhas tentativas de se entregar a um novo alguém, pela lembrança constante e involuntária e o desejo intenso de ter aquele ser humano ali pertinho novamente e pra vida toda.
Amor que é amor, não tem sinônimo, não se sintetiza e tem tantas definições quanto sua vastidão e intensidade comportam, algo tão grande não pode ser controlado, vem como uma força da natureza, que derruba os nossos egos e nos deixa entregues, querendo sua plenitude, querendo reviver, querendo que seja vivido a cada dia, querendo levar para a vida. Amor que é amor se revela a cada detalhe, a cada dia passado e nunca vai deixar dúvidas de quão verdadeiro é. Pelo menos é o que eu acredito: talvez amor seja isso.