Ecos da memória
(Para alguém que só existe num universo paralelo)
Ecos da memória...
Eu hoje pensei em você.
Pensei com nostalgia. Lembrei do que vivemos. Uma lágrima rolou ao imaginar o que não vivemos por força do destino... Não, besteira, eu fiz esse destino. Eu não te escolhi. E agora... Bem, agora eu imagino o que não foi, o que teria sido, o que poderia ser. (Blá blá blá)
Tantos anos se passaram... Quantos? Quase vinte, eu acho... Vinte, e eu ainda ouço a tua voz aveludada sussurrando aos meus ouvidos. Eu ainda vejo o teu sorriso discreto. Eu ainda sinto o cheiro da tua pele, do teu perfume suave. Eu ainda vejo nitidamente o brilho dos teus olhos, daqueles olhos que exalavam uma ternura explosiva.
Tantos anos se passaram e eu ainda sonho contigo dia após dia. Por que você teima em me perseguir? Por que você não se desmaterializa para sempre da minha mente? Por que você insiste em se fazer presente?
Não... Não é você. Sou eu. Sou eu quem devaneio com um sentimento que não existe ao som de 'Don't look back', do The Korgis. Sou eu quem sorvo doses de amargor das consequências das escolhas que fiz. Sou eu quem te trago para mim. Sou eu quem busca refúgio no que já passou, como se isso tivesse o poder de corrigir meus erros, de maquiar os meus passos equivocados. Sou eu quem te faço presente como uma projeção de felicidade.
E você? Você decerto agora dorme... Talvez, em outros braços... Talvez um sono tranquilo, sem nem ao menos suspeitar de que em algum lugar, alguém te idealiza como a um ídolo inatingível.