Luz e Escuridão: novos aforismos
 Eu não posso ver as coisas que possam existir na escuridão, mas eu posso ver a escuridão, se não eu não saberia distinguir quando um quarto está escuro ou claro, melhor, clarificado. A escuridão escurece? Ela me impossibilita de ver as coisas de forma nítida. Contudo eu não deixo de ver tudo, eu vejo o ambiente escurecido, eu vejo a escuridão. Eu não sinto a escuridão, eu sinto a angústia gerada pela idéia da Escuridão, de que algo que ameace a minha vida possa estar oculto por lá. Mas em si a escuridão não pode ser sentida como uma coisa tangível.
 Toda luz só se mantém como luz, como algo que ilumina, por meio de algum tipo de fonte de energia que possa abastecê-la, mantê-la como coisa que ilumina.
Como Por exemplo, as lâmpadas elétricas, os faróis de automóveis, lanternas, todas essas coisas mantém sua luminosidade graças a usinas hidrelétricas, baterias, pilhas, a própria vela só mantém a sua chama acesa, se existir o oxigênio. Quero dizer com isso que toda luz precisa retirar o “ combustível abastecedor de sua existência ” de alguma fonte extra de energia para sustentar sua luminosidade. É a escuridão que permite que a luz tenha espaço para se manifestar como luz, para existir.
Vejamos o caso das próprias estrelas: elas morrem e dão origem a algo chamado de buraco-negro. Por tanto, o destino de toda espécie de luz é apagar-se, pois cedo ou tarde suas fontes que alimentam sua luminosidade acaba se esvaindo, acabam perecendo.
Por isso mesmo que nenhuma coisa possui em si uma sombra, pois o que permite a projeção da sombra em um ente qualquer é justamente a presença da luz, e como é destino de toda luz por essência é esgotar totalmente sua propriedade de luminosidade, o que consequentemente ocasionará o desaparecimento da projeção da sombra que, em si, nunca existiu em um ente qualquer.
 O animal está em um nível superior em relação a nós sobre a questão da Morte.
A morte não ri, não zomba, não escarnece e nem apavora com seus joguetes doentios aos animais, pois ela mesma sabe que tudo isso seria inútil, perda de tempo, seria em vão, pois os mesmos sequer tem consciência nem de si, e nem dela, para temer o aniquilamento de suas existências.
A Morte só joga com o ser humano, pois é com o homem que o jogo se torna divertido e interessante. Ela dá as cartas, finge blefar aqui e acolá, mas no final de todas as partidas ela acaba vencendo.
O animal sente a dor, mas desconhece o que é morrer, o que seria morrer. O homem só em pensar na idéia de que vai morrer já se enche de angústias e de preocupações, pois é justamente esse conhecimento consciente de desconhecer a Morte que o avilta, que o angustia, que o horroriza.
A morte só se diverte com o ser humano. Por isso mesmo, em relação ao que foi dito, é que os demais animais estão em um nível superior do que nós seres humanos, tidos como Homo Sapiens, tidos como raça superior.
gilliard alves