A linha de chegada
A vida é um percurso. Simples assim, a vida é um caminho. Esse caminho pode ser curto, efêmero, ou pode ser longo, duradouro. Pode ser um caminho tranquilo, macio de trilhar, ou pode ser conturbado, cheio de pedras e buracos. Talvez se alterne. Algumas passagens desse caminho podem ser mais longas do que outras, mais serenas do que outras, mais intensas do que outras. Em alguns instantes caminharemos acompanhados, em outros estaremos solitários. Em algumas esquinas vamos cruzar com alguém, apenas cumprimentar e seguir adiante. Em outras travessias conheceremos alguém, uniremo-nos em um apertado abraço, daremos as mãos e andaremos juntos por certo tempo. Mas também teremos que nos despedir em algum momento e seguir adiante sem mais ninguém. Até chegarmos à linha de chegada. E quando chegarmos nesse ponto tão aguardado não haverá mais nada a fazermos, ali será o nosso fim, tudo o que vivemos, vivemos, tudo o que não vivemos, não viveremos mais. Essa linha não pode ser esticada, postergada, ignorada. Precisa ser atravessada. E quando a atravessamos, chegamos ao nosso destino, ao nosso fim. Assim é o nosso percurso. Assim é o nosso caminhar por essa vida cheia de surpresas, algumas desejáveis, outras inesperadas, mas todas com grande potencial de nos ensinar e enriquecer.
O que estamos fazendo até essa linha? Desperdiçando nosso tempo com coisas nefastas? Perdendo a chance de estarmos muito bem acompanhados por sermos vítimas de medos e inseguranças que precisamos vencer? A vida é ligeira. Não importa se uns viverão mais anos do que outros, o fato é que nunca é o bastante, nunca estaremos satisfeitos, sempre ansiaremos por mais e mais. Isso porque desperdiçamos a dádiva que nos foi dada. Aquele que aproveite um momento ao máximo, ainda que não queira que ele acabe, aceita que o fim é inevitável e parte com as grandes lembranças de tudo de incrível que pôde viver, no entanto, aquele que deixa para aproveitar o melhor do momento já em seu final, custa aceitar que já acabou e parte arrependido por não ter começado antes. Assim é na vida. Quando partirmos, estaremos satisfeitos? Quando cruzarmos a linha de chegada ergueremos as mãos em um gesto de comemoração? Ou abaixaremos a cabeça, olhando para trás, arrependidos de tudo que deixamos passar sem desfrutar do sabor? É impossível saber quando será o fim, quando daremos o adeus, mas é possível que até lá consigamos viver cada momento com a intensidade que merecem.
Mas isso serve para todos os âmbitos de nossas vidas. Até nós sermos aqueles que cruzarão a linha de chegada, outros cruzarão na nossa frente, pessoas especiais, pessoas que amamos, pessoas com as quais tivemos a chance de viver alguma história. Como será? Na hora da despedida, como estaremos? Satisfeitos por tudo o que vivemos? Ou abatidos por termos perdido tantas chances de declarar o nosso amor e eternizar momentos? Às vezes aquilo para o que damos tanta importância não é realmente importante, enquanto que aquilo que desprezamos era tudo o que precisávamos para sermos realmente felizes. Aproveite o caminho, desfrute do percurso, aprecie as experiências, dê as mãos às companhias, faça valer a pena, reconheça que uma vida feliz não é uma conquista, mas uma diária construção!
(Texto de @Amilton.Jnior)