E esse foi seu fim
21/09/2020 - 11:45 pm.
Um sms acorda Flor que dormira cedo, suas crises de enxaqueca haviam piorado.
- Eu só não quero mais sentir essa dor, então, se algo acontecer, tenha sempre em mente isso...
A culpa não é sua, você sempre foi especial. E apesar de tudo eu te amei.
Logo tudo vai passar, você vai estar melhor e eu daqui vou estar cuidado de você.
Ainda sonolenta Flor lê a mensagem pelo pop-up, estarrecida desbloqueia seu telefone, confirma número a número para se garantir e desagua.
Em uma tentativa solitária disca o número mentalmente pois já não o armazenava fazia tempo.
Após incluir os nove números, send, - Sua chamada está sendo encaminha para caixa postal e estará sujeira a cobrança após o sinal. Desligou.
Naquele mesmo dia, duas horas antes, na imensa Ponte Rio-Niterói Eduardo furava os radares com seu carro veloz em busca de sossego, havia sido multado tantas vezes que agora, nessas outras vezes pelo menos havia sentido.
160km ao som de Gloomy Sunday - Hungria. Eduardo estava convicto que estava purificado, que seus demônios seriam dilacerados; aos prantos soltou o cinto, pouco a pouco relaxou, o caos o chamava de filho, vi seus olhos passarem de azuis para cinzas e vi seu corpo vazio se arremessar.
Próximo ao conhecido vão central, Eduardo arranca com seu carro, sem cinto seu corpo é lançado pelo vidro, seu carro capota por cima da grade de proteção e ambos são arremessados ao mar, 72 metros de queda.
Eduardo tocou o mar como se sólido fosse, mas seu corpo sem vida não sentiria, segundos depois o veículo o empurrava ainda mais para baixo.
Em menos de 30 minutos todos os possíveis meios de resgate estavam no local; um helicóptero sobrevoava o local, a marinha havia sido acionada, bombeiros com jet-skis transitavam e procuravam o corpo de um homem.
Um homem com sonhos, com planos.
Um homem que foi engolido pela solidão de um coração frio.
Flor de Eduardo nunca mais ouviu falar e viveu.
Eduardo nunca mais ouviu falar de nada e morreu.
E esse foi seu fim.
Paschoal, George