Amor - Sob o Véu de Ignorância

John Rawls, teórico de filosofia política, concebeu um acordo de igualdade entre os homens (contrato social), que valesse desde o inicio de suas trajetórias de vida e servisse para todos.

Para isso, ele propôs que antes de definirmos os preceitos básicos desse acordo, todos os participantes teriam que se recobrir com um “Véu de Ignorância”, que nos impediria de saber temporariamente quem somos. Não conheceríamos nossas vantagens e desvantagens - se somos saudáveis ou frágeis, se temos alto grau de escolaridade ou se abandonamos a escola, se nascemos em uma família estruturada ou destruturada, etc. Tampouco saberíamos que classe social ou gênero pertencemos e desconhecemos nossa raça ou étnia, nossas opiniões políticas ou crenças religiosas.

Caso estivéssemos nessas condições, Rawls acredita que nossa opção seria a de que todos os cidadãos possuíssem liberdades básicas , como liberdade de expressão e religiosa. E também escolheríamos uma distribuição igualitária de renda e riqueza, sendo a desigualdade permitida apenas no caso dela beneficiar os membros menos favorecidos de uma sociedade.

Bom, esse exercício hipotético de igualdade de Rawls não passa de uma quimera, mas a ferramenta do “Véu de Ignorância” me ocorre para pensar em meu "relacionamento atual".

Se passássemos nossa relação sob o véu de Ignorância de Rawls, será que nossos sentimentos e, principalmente, nossas ações um com o outro, seriam às mesmas?

Arrisco a dizer que os MEUS sentimentos e MINHAS ações não mudariam. Mas certamente você não agiria da forma que age e vem agindo comigo, prova irrefutável de que sua ação não considera um Véu de Ignorância, e, sim, sua escolha passa por algo como um Véu DA Ignorância. É lastimável que alguém que tinha tudo para ser e viver uma história especial, permita-se apequená-la dessa forma.

Eu, como te amo acima de quaisquer preconceitos, te aceito até da maneira atual, apesar de gostar muito mais da maneira que era quando a conheci. Para ter certeza se você também me ama, basta aplicar a ferramenta de Rawls à nossa relação, para saber se temos ou não temos perspectivas juntos e se de fato nossa história é especial ou não. Tenho certeza de que sim, e muito.