Sobre o amor e o autoamor
O amor é para os fortes e ousados, para aqueles que nunca se acomodam.
Mas, é também para os que sabem calar e ouvir com respeito; para os que sabem enxugar uma lágrima e ofertar o ombro para que o outro possa recostar a cabeça pesada.
O amor jamais se confunde com os cativeiros criados nas dependências emocionais e psicológicas que certos indivíduos desenvolvem pelo outro, e tampouco representa a posse do ser amado. Pelo contrário, o amor representa a liberdade, a renovação dos laços afetivos. Em suma, é estar junto da outra pessoa não por uma obrigação qualquer, mas porque faz feliz o coração daquele que ama e se sente verdadeiramente amado.
Não é nada incomum que após um enlace matrimonial, cônjuges enciumados passem a promover o gradual afastamento dos amigos queridos do companheiro ou da companheira. Pura falta de amor e compreensão.
Muitas pessoas passam pela vida sem descobrirem o verdadeiro amor, e aqui não estou a falar de romantismos ou idealizações pessoais. Aqui falo daquele sentimento elevado que não visa a obter vantagens ou extorquir emocionalmente o melhor do outro.
Se um dia você se deparar com um amor assim, então lute por ele a qualquer tempo e em qualquer dimensão em que a vida se expresse, porque um amor desse porte não se coaduna com as conveniências de uma sociedade orgulhosa, egoísta e hipócrita.
A falta de amor-próprio, a carência afetiva e um medo exacerbado da solidão, fazem com que homens e mulheres incautos e fragilizados se envolvam em relacionamentos conturbados, onde não raro, sofrem com a falta de estima do parceiro(a), desrespeito, violência física e psicológica, insultos e depreciações verbais, infidelidade conjugal etc., suportando tudo heroicamente apenas em troca de uma ocasional migalha afetiva lançada a semelhança de uma esmola.
Para amar e ser correspondido o indivíduo necessita desenvolver primeiro o autoamor. Sentimento que faz com que a pessoa se valorize, se respeite e numa sequência lógica, respeite e valorize o outro.
Não confunda autoamor com orgulho – este é uma enfermidade da alma causadora de muitos dissabores. Quem se ama se vê com carinho e compreensão, aceita suas limitações e não obstante, procura se aprimorar em todos os sentidos. Pelo contrário, o orgulhoso sente um prazer mórbido em rebaixar seus semelhantes e não convive bem com a ideia de alguém superior a ele, esquivando-se dos sábios e humildes, perdendo assim preciosa oportunidade de aprender algo com essas pessoas, esquecido de que ninguém cresce sozinho.
Seja entre cônjuges, pais e filhos, irmãos ou amigos, avós e netos etc., o amor verdadeiro pode ser entendido, atendo-se por hora somente à limitação do plano terrestre, como aquela maravilhosa sensação serena e duradoura que sentimos quando estamos a desfrutar da companhia de certas pessoas que nos inspiram no bem e nos fazem querer aprender e compartilhar vivências, afeto e conhecimento com elas, sempre num regime de permuta saudável de crescimento espiritual para os envolvidos.
O autoamor nos leva ao amor ao próximo, por isso mesmo quando cometa equívocos, porque como seres humanos naturalmente ainda possuímos muitas limitações, o indivíduo portador desse sentimento autêntico busca sempre se corrigir, porque quem ama não deseja o mal para si e nem para os outros.
O amor é fonte de felicidade.