Terapia de chuveiro
A ideia de não acreditar num sentido superior da vida chegou em mim como uma epifania mãe de uma energia libertadora nirvânica. Nela vejo uma liberdade inigualável. Uma liberdade que ama o poder de escolha acima de qualquer outra coisa. Escolher que significado quero que a minha vida tenha. Com base nas minhas referências e não no que impõem sobre a minha moldura. Sou incapaz de conceber uma liberdade maior do que esta.
Para mim, esta liberdade cria em mim abrigo para a minha dor e para as dores dos outros. Através delas vejo-me melhor. Maior.
Quando penso no mito do sentido da vida, materializa-se na consciência uma tela em branco com metros e metros de altura e de comprimento.
Vivo e morrerei numa tela em branco para que esta minha liberdade possa crescer noutros lugares porque não existo se não com outros. E se os outros me alimentam de significado, talvez eu possa fazer o mesmo por eles. É este para mim o caminho mais puro - existir por mim e pelos outros; existir para mim e para os outros.