RESPONSABILIDADE PELA VIDA
É evidente que todos nós somos condicionados social, psicológica e biologicamente; não podemos, portanto, subestimar a importância de certos determinismos em nossas vidas e em nosso modo de agir. Mas também é verdade que o fato de sermos bons ou maus, justos ou perversos, depende de alguma forma de nós. Certamente, nunca poderemos culpar integralmente o meio em que vivemos por nos tornarmos injustos ou iníquos, hipócritas ou perversos. Há uma certa responsabilidade que está nas mãos do ser humano para ser aquilo que ele é, responsabilidade essa que pode ser imprescindível para o seu autoconhecimento e aperfeiçoamento. Mas quanto aquelas pessoas que vendem a sua liberdade e o seu senso de justiça para seguir um líder perverso, se tornam, infelizmente, tão más e desprovidas de lealdade, quanto aquele que vive na ânsia tirânica de controlar a tudo e a todos. É importante que se diga: existe uma parte de nosso ser que o sistema em que vivemos não pode, obviamente, tocar; de fato, vai depender sempre de cada um de nós deixarmos que a Matrix, a qual estamos inseridos, invada toda a nossa existência ou não, que ela seja o nosso abrigo ou não. Pois é incrível o quanto boa parte dos homens, mas não todos, acham seguro vender a sua liberdade em troca de proteção e segurança irrestrita, deixando a crueldade de nosso meio corromper o seu ser, ao ponto de incorporarem todas as injustiças que o mesmo comete em nome de uma excelente projeção social (só para ter, lamentavelmente, o seu ''crédito social'' garantido). Com isso, a brutalidade do sistema se fortalece monstruosamente sobre a vida de tantos seres humanos, na medida em que até aqueles que dizem lutar pelo bem comum, decaem na trágica situação de se corromperem em troca de reconhecimento e admiração.