AMOR, ÓDIO E PERDÃO
Quando pensamos em se apaixonar, parte de nós, nossa mente e vontade, já o fez. As pessoas, não as drogas, são as substâncias mais viciantes que existem quando nos apaixonamos.
O amor retornado, como a alegria da criação quando nasce uma nova vida, não pertence a ninguém, mas é sentido como uma onda de emoções maravilhosas em suas inúmeras faces na gratificação de conquistar o íntimo de outra pessoa. Também se torna uma dor terrível quando amamos, mas não somos amados em troca.
Nossos problemas não são com o amor, mas com as coisas que chamamos de amor, que na verdade são desejo, apego, dependência, projeção, manipulação e tentativa de controlar, pelos quais nos torturamos sem saber e só nos traz sofrimento e solidão sem trégua.
Entretanto, como se desapaixonar? Se distrair, mudar de rotina e afazeres é um paliativo para tentar esquecer. A autocompaixão em conjunto com o pensamento distorcido é a armadilha que nos aniquila. O ressentimento e a racionalização, nos acomoda e nos faz entregar nossa esperança e pedir para ficar sóbrios por hoje.
A dessemelhança entre o amor e o ódio, não os torna em opostos, pois, o oposto do amor é a indiferença. Amor e ódio têm muito em comum, pois, odiar alguém é estar profundamente envolvido com essa pessoa no nível emocional. Tentar odiar, que impõe intenções horríveis e abstrai emoções, requer algo mais. A ausência de emoções na indiferença, é a frieza como uma manifestação de negatividade, numa linha tênue entre amor e ódio com emoções subjacentes extremas, onde o ódio mantém uma aparência de racionalidade.
Comumente, o ódio é o amor que deu errado, muitas vezes, devido a expectativas erradas ou excessivas, ou, a inabilidade de lidar com o amor não correspondido, que acaba em conflito e ódio.
Como adultos independentes, não perdoar é um recurso que podemos causar, como uma maneira de nos libertar de coação.
Às vezes, a pessoa não aceita a realidade aflitiva de experimentar a conexão interna positiva com alguém que a magoou, por isto não perdoa psicologicamente para fazer valer os direitos fundamentais e se opor à injustiça, cuja recusa significa dizer a verdade, enquanto continua a ser emocionalmente saudável.
Atualmente, demonizamos não perdoar tanto quanto idealizamos perdoar. Contudo, o perdão não é uma orgia com uma exigência, ou a única escolha moral simplista, e até perniciosa, consagrando o perdão como uma simpatia que cura todos os males, ou, uma reciclagem do mal.
Podemos recusar absolver nosso cônjuge, pais, irmãos ou amigos, pois, a falta de perdão não arruinará nossas vidas, ou nos condenará a ser uma vítima pelo resto da vida.
Devemos entender que a capacidade de perdoar, sem a exercer indiscriminadamente, é uma parte essencial de uma vida examinada, porque, perdoar precisa ser reconcebido, sem ser considerado uma fuga ao perdão ou um retrocesso para a paranóia, mas uma ação legítima em si mesma, com sua própria progressão, motivação e justificativa, que caracteriza a atitude apropriada e mais emocionalmente autêntica.