Hoje é sábado à noite e você não veio
Mais um sábado à noite e eu continuo sozinho nesse apartamento do outro lado da cidade. Você poderia estar aqui, comigo. Você poderia existir, aqui. Iríamos passar horas e horas discutindo qual filme veríamos, para no meio do filme dormirmos no sofá, aninhados. Ou sentaríamos no balcão da cozinha com duas taças de vinho branco, rindo, enquanto eu cozinho para você. Ou só estaríamos os dois na varanda, em silêncio, abraçados, observando as estrelas do céu. Enfim, só queria fazer com você essas coisas fofas e bregas que casais fazem.
Ultimamente eu tenho pensado muito em você. A espera de sua chegada fez brotar uma fogueira no meu coração, que acendi no momento em que me senti plenamente capaz de amar alguém. Talvez eu só esteja romantizando a espera ou ainda já deixei você ir por acreditar que o meu verdadeiro amor estava próximo de chegar, talvez preso na fila do supermercado.
Às vezes me sinto ridículo por alimentar utopias românticas que não cabem nesse mundo tão hostil com quem é sensível. Eu imagino as cenas mais fofas que já vi em livros e filmes de como seria a sua chegada na minha vida. Mas hoje é sábado à noite e você não veio.
Eu fiquei aqui, imaginando todas as noites de sábado que viverei até a sua chegada, escrevendo bobagens, tomando vinho e os meus cabelos ficando grisalhos, vendo filmes antigos e suspirando a sua ausência, nas madrugadas insones. Penso que talvez seja destino, escolhas mal feitas ou solidão que sempre me visita aos sábados e me deixam melancólico.
Se você existir em outro apartamento, quem sabe no outro lado da cidade, deixa a luz acesa. E vem me ver.
Boa noite, meu amor!