O INATO vs O ADQUIRIDO

Aprendemos a sentir a duração de um segundo, minuto e hora, atribuindo medidas para dar significado ao tempo do nosso dia, às vezes, lamentando um relacionamento de amor e ódio que desenvolvemos, seja lamentando sua passagem rápida, ou desprezando sua demora.

A associação das palavras à percepção de duração do momento torna-se natural com o significado intuitivo dos termos temporais arraigados às ordenações alusivas atribuídas a passagem do tempo.

Não há outra palavra para ‘tempo’. Se tivéssemos uma palavra para definir precisamente o tempo, estaríamos tocando a essência, a própria substância da vida.

O sentido de atemporalidade é consciente de estar fora do domínio do tempo da vida. Nossa noção de idade muda à medida que envelhecemos. Quando somos jovens, queremos ser velhos e quando somos velhos queremos ser jovens. O tempo parece um traje que não tem uma forma própria, que não se ajusta e não nos cabe bem. Da infância à velhice, sempre pensamos o tempo como se fosse algo estranho e à parte, parecendo estar ali em algum lugar enquanto estamos aqui. Querer que o tempo passe rápido ou devagar é desejar estar separado de si mesmo, nos exilando do momento. Mas o tempo é nós mesmos, pois quando dedicamos um momento para algo ou alguém, estamos dando esse tempo para nós mesmos.

Enquanto o dia de ‘ontem’ acontecia, seu nome era ‘hoje’, e quando o amanhã chegar, o chamaremos de ‘hoje’, pois todo dia é hoje. O ‘ontem’ não tem sentido e o ‘amanhã’ não tem significado, pois não há realidade exceto o presente.

Em nossa visão de espectador, costumamos ver a passagem do tempo imprecisamente quando pensamos no tempo, enquanto observamos da margem, alheios que estamos no rio, na origem da corrente no lugar em que a água mais doce está subindo agora mesmo da fonte, antes do amanhã que ainda não surgiu, e do ontem que se foi rio abaixo, longe de nós, sendo apenas um pensamento. Assim é a idade, sempre no momento presente, pois nossa infância e juventude estão aqui e agora, onde estamos, porque nunca fomos mais jovens do que agora, sendo nossa alma tão jovem quanto quando foi criada, exceto externamente, que vamos reconhecendo e aceitando aos poucos. Mas, a essência do ser humano é resistente à passagem do tempo.

J Starkaiser
Enviado por J Starkaiser em 30/01/2021
Reeditado em 01/02/2021
Código do texto: T7172453
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