O caminho para a paz

Uma das minhas leituras no ano que se passou foi o livro “O Inferno Somos Nós”, escrito por Leandro Karnal e Monja Coen, dois seres humanos que se dispuseram com bastante simpatia a falar sobre a paz e os caminhos que talvez nos levariam até ela. Confesso que o livro é cheio de passagens maravilhosas, de falas incríveis e de pensamentos ainda mais reflexivos, mas o que eu gostaria de pontuar neste pequeno texto, recomendando fortemente a leitura do livro, é que uma das conclusões a que podemos chegar é que a paz pode ser alcançada pelo autoconhecimento.

Mas para a Monja Coen o autoconhecimento não se resume ao nosso próprio eu, que ela chama de “eu pequeno”, mas sim ao grande eu, ou “eu coletivo”, já que estamos todos interligados. Ou seja, quando nos conhecemos profundamente passamos também a conhecer o outro, porque somos seres humanos, membros de uma mesma espécie, semelhantes em nossos funcionamentos e em nosso interior, ambos podemos sentir raiva, mas também temos a chance de sentir o amor, ambos podemos incitar guerras, mas se o quisermos também podemos desfrutar de uma grande e sublime paz.

Mas na minha opinião, a partir do que pude aprender durante essa leitura tão agradável, é que ao me conhecer, ao saber o que me machuca, quais palavras são ásperas demais aos meus ouvidos, sou levado a ter um autocontrole necessário na hora de falar com as outras pessoas. Porque se eu posso me machucar e me sentir ofendido, o outro também pode se sentir machucado e ofendido. Isso é o autoconhecimento para a paz. Envolve empatia, implica a habilidade de conseguirmos nos colocar no lugar daquele que está recebendo nossas ações ou ouvindo nossas falas. O que ele está recebendo? É o mesmo que nós gostaríamos de receber?

Algumas pessoas, cheias de agressividade, não precisam ser respondidas com ainda mais agressividade. É aquele antigo ensinamento, “violência gera mais violência”. Pessoas agressivas, sem qualquer controle consigo mesmas, talvez só precisem de alguém que as faça respirar por alguns segundos, que as faça se sentirem aliviadas de si mesmas por alguns breves instantes, que lhes permita entender que tudo passa, inclusive as emoções que sentimos em diferentes momentos. O que nos resta? Aceitar o que estamos sentindo como passageiro, não permanente. Não somos a raiva, estamos com raiva. Não somos a guerra, estamos em guerra. Mas, sim, podemos ser o amor porque somos humanos em constante evolução, numa profunda busca por ser melhor a cada dia, por ter a chance de deitar a noite e sorrir pelas lembranças dos bons momentos que desfrutamos e ofertamos. Conheça-se. Reconheça-se. E veja a si mesmo nos outros. Evite lágrimas. Poupe a sua própria dor. O que eu faço para o outro reflete em mim, porque estamos conectados, interligados, fazemos parte de um mesmo planeta. O que eu quero sentir? É isso o que vou repartir!

(Texto de @Amilton.Jnior)