Deixe-me

Deixe-me, logo. Deixe-me partir de vez. Deixe-me perambular em outros mundos fora dos teus, deixe-me viver em paz. Deixe-me ausentar de tua vida cheia de graça de tuas felicidades, de teus vícios, tua vida, esta, que me alimentou por tantas noites vazias em claro. Deixe-me tentar te esquecer por três dias apenas, deixe-me, e se eu assim for capaz, não me busques não. Se não capaz, deixe-me, ao menos por poucos segundos, entrar em teus comandos, descobrir teus encantos, viver em teu canto. Deixe-me entender o porquê desta mania de desencontros. Deixe-me entender tuas inconstâncias e teus desapegos. Deixe-me entender-te logo, quem sabes assim eu não passe a compreender tudo que sinto e escapo de ti, de tudo que nos chama, deixe-me ser água que corre pelos canos, deixe-me fluir. Deixe-me fechar os olhos e por um instante, não pensar em ti. Deixe-me ou não me deixes de vez. Não me deixes, portanto, assolar-me de teus atos, de teus estados, de tuas vidas. Várias vidas. Deixe-me te amar todos os dias, faças a mim promessas diárias e cumpra-as. Não me deixes esperando... não me deixes mais, ou me deixes sempre, e deixes a vida me ensinar a viver sem ti.

Deixe-me. Deixe-me. E saias de mim.

Paschoal George
Enviado por Paschoal George em 21/01/2021
Código do texto: T7165416
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