Etílica

Eu, pois, na devassidão de mim,

Nos esgotos de sentimentos remendados de uma piedade nula e fria

gasto meu último sangue, contido na íris cortante que se esconde em minhas pálpebras cansadas de não ver.

Meu hálito etílico me abafa, sufocando a dor que embriaga.

Minha sombra me joga no chão sujo de covardias que um dia deitei.

Vomito em mim as verdades que um dia desacreditei e as ressuscito,

num rito tão podre quanto verdadeiro.

Saio de mim vermelha pra encarar os azuis do ontem.

Tinna Mara de Camargo
Enviado por Tinna Mara de Camargo em 18/01/2021
Código do texto: T7162924
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