Texto não finalizando

Os mosquitos giravam ao meu redor e eu não sabia se estava morta ou se era o cheiro, eu nao sabia aonde estava e ninguém falava comigo. Eu estava enlouquecendo e o que é pior, acho que nem me importava mais.

Eu estava presa naquele final de tarde, onde já não se vê mais o dia, mas ainda não é noite completamente. Meu estado era de completo desinteresse e afastamento, ainda assim uma parte minha parecia orbitar ao meu redor me julgando por ter me deixado chegar até ali, por não fazer nada.

'levanta da cama' ela gritava, em algum lugar dentro de mim, mas não o bastante para ser ouvida do lado de fora, não, era muito mais como um sussurro, algo sem importância que eu ignorava pensando ser mais confortável permanecer onde estava.

No final era difícil me mexer, não porque meus membros doíam, não, naquele ponto eu já havia me acostumado com a dor, na verdade eu sentia falta dela quando não estava, mas mais que isso, eu não conseguia me mover pelo simples fato de não querer, era como se minha mente estivesse presa em um casulo, protegida do mundo e ao mesmo tempo o meu corpo pagasse o preço dessa negligência. Eu estava por um fio, andando sobre ele na verdade. Sentindo a adrenalina de olhar para baixo e ao mesmo tempo a pressa em me atirar de lá.

Antes que me desse conta já tinha amanhecido, o sol não ia me esperar e o relógio era cruel, o mundo lá fora me chamva.

Eu sai de casa, nem sei se tranquei as portas, me dirigindo a rua, tudo parecia irritantemente igual, o hoje era uma cópia do ontem e uma prévia do amanhã, nada nunca fugia do controle, nada nunca mudava de lugar. Era tão cronometrado que até mesmo quando eu não queria, algo me forçava a ver o óbvio. Vi a mesma garota centenas de vezes atravessar a rua de mochila azul e roupa de ginaltica. Ela nunca virava para mim, simplesmente andava para frente e corria para pegar o metro no sentido contrário ao que eu estava indo.