A temporalidade


Da contagem regressiva que se tem do tempo que não se tem,
Das árvores que se despem ao raiar do dia,
Das águas chorosas em soluço livre,
Dos beijos ainda a serem dados por todo o tempo que se retêm.

O tempo do amor sem tempo,
Onde a paixão percorre o vácuo da existência permanente,
Em chuvas de pensamentos, em trovoadas de desejo,
Do sol que brilha no tempo claro de um dia inexistente.

O tempo do beijo extinto, pois que é único,
Fotograma de uma virtude conjuntural,
Onde a língua toca e retrai em busca do tempo...

O tempo convexo de um Universo descontraído,
Serei teu, um tempo?
Ou terás minha atemporalidade eterna?