Permito sentir a solidão
Com uma taça de vinho sento na varanda, me encosto na parede, olho para taça na minha mão, ouço Nando Reis, admiro a lua, o céu ainda abandonando o dia e ela já está ali me observando e eu também a observo.
Sentada permito que as lágrimas se formem, as deixo e sinto escorrer por meu rosto, bebo um gole do vinho que desce amargo, um amargo que já faz parte dos dias. Tem sido meu companheiro de guerra.
Meus pensamentos voam enquanto o céu escurece e a noite começa a chegar, vento frio, eu congelo enquanto meu peito fica inquieto quando escuto cada parte da música.
Aprecio o vinho e procuro desfruta-lo até a última gota, olhando em direção nenhuma, não estou fisicamente, minha mente vaga por momentos e os repito.
Choro silenciosamente como se eu precisasse retirar as lágrimas e despoja-las, uma dor silenciosa. Meu corpo ja acostumado, sinto a dor preenchê-lo e as lágrimas saem, respiro aliviada.
Olho a taça vazia, respiro fundo, me certifico de olhar a lua por uma última vez, sinto o vento tocar meu corpo e estremeço, me levanto e decido ir embora.
Menos um dia.