Apenas mais um estranhamento
Esse texto não objetivo algum. É só um desabafo pessoal, de mim para mim. Talvez eu esteja cansada.
Já nem sei mais o que houve. Tentarei explicar: vários pequenos acontecimentos foram se acumulando, de forma sorrateira e silenciosa... coisas sem importância alguma, mas que de alguma maneira me afetaram e eu não quis passar a imagem de afetada. Então, fui deixando pra lá, mas esse deixar pra lá deve ter enchido a sala de inutilidades da minha mente.
Eu sinto que uma barreira se rompeu. E o que sinto não é tristeza. É estranhamento com tudo. É uma sensação de impotência, a mesma que eu sempre sinto, só que mais forte do que o normal. Uma sensação de que tudo que eu faço só piora as coisas. Deve ser por isso que não quero fazer nada. Ficar quieta num canto, lendo e esquecendo que existo é o único mecanismo de fuga da realidade que aprendi. E se tento explicar pra alguém, por mais que seja de confiança, sinto que incomodo com meus dramas bobos e medos irracionais. Quando não é isso, é o não saber explicar o que acontece comigo. Parece que faltam palavras na língua para expressar um vasto espectro de emoções. Quem sabe se eu falasse alemão isso seria mais fácil... Mas como falo português, tenho que ficar falando "não é tristeza, mas também não me sinto feliz; não é abandono, mas também não me sinto parte de nada; não é solidão, mas sinto que mesmo com a linguagem, jamais serei compreendida."
É uma atividade desgastante. Quanto mais eu falo, mas eu me enrolo e mais decepcionada fico por não conseguir me compreender. Eu sei que preciso de uma psicóloga, eventos assim vêm se acumulando desde o ano passado...
Eu queria poder que esse texto ajudou em alguma coisa. Mas não ajudou. Como disse Clarice em sua última entrevista, "não altera em nada." A escrita só pode deixar registrada minha confusão, mas não pode me salvar dela. E isso por um lado é bom. É do caos que nascem minhas melhores inspirações. Elas são uma forma de eu esquecer do tornado em que vivo.